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Oliveira Ramos : Um colheita tardia que virou vinagre

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Era suposto que o tema principal deste post fosse sobre vinhos. Na verdade foi com o intuito de mostrar a nova imagem e as colheitas mais recentes que João Portugal Ramos (JPR) recebeu na sede da empresa, em Estremoz, um grupo de convidados ligados aos meios digitais (jornalistas, bloggers, gestor de redes sociais, etc). Sem querer menosprezar a sua gama de vinhos vencedora - sim porque desde o Loios ao Marquês de Borba Reserva, passando pelos Vila Santa, JPR bate-se com qualquer outro produtor em termos de qualidade e competitividade. Mas o que quero mesmo aqui falar é sobre um vinho que felizmente correu mal e que nunca viu a luz do dia como tal.

 

Há uns bons anos, João Portugal Ramos seleccionou umas parcelas de vinha no Ribatejo (de arinto e fernão pires) para vindimar em Outubro e assim fazer um colheita tardia. No entanto resultado não foi satisfatório e por isso resolveu experimentar fazer um vinagre deixando-o envelhecer 8 anos em barricas de castanho e de carvalho. Saiu para o mercado em 2010, ano em que foi lançado, também, um azeite premium, ambos sob a marca Oliveira Ramos. Na altura não lhe dei grande atenção. Tinha em casa vários vinagres de produtores de vinhos e em nenhum deles notei algo digno de registo (porque haveria de ser este diferente?). Também confesso que  nessa altura andava muito virado para um balsâmico dos verdadeiros de Modena que me ia enchendo as medidas. 

 

Felizmente passou-me a febre dos balsâmicos, simplesmente porque findo o de ourivesaria não consegui suportar os sucedâneos com corantes caramelo que abundam por aí. Tinha (tenho) algumas amostras de diversos tipos de vinagre de xerez  que utilizava em algumas situações mas que não gostava, por exemplo, para temperar saladas. Por isso a pouco e pouco voltei ao vinagre de vinho nacional mas só agora, neste Oliveira Ramos, encontrei algo de admirável. É verdade que esse adjectivo, ou outro próximo, poderia ser aplicado aos Moura Alves, contudo estes têm um preço mais elevado (bastante mais, no caso do topo de gama).

 

O vinagre Oliveira Ramos tem 8º de acidez (os vinagres de vinho mais comuns têm à volta de 6º). No entanto a concentração e complexidade aromática dadas pelos anos em barrica transmitem uma sensação de acidez menor. Esse estágio confere-lhe, igualmente, notas balsâmicas e consegue-se percepcionar subtilmente o estilo de vinho que lhe deu origem. Alem do mais é versátil. Utilizo-o tanto para temperar saladas como em pratos cozinhados, quando necessário. É caso para dizer: perdeu-se aquilo que provavelmente viria a ser um banal de colheita tardia, para se ganhar um vinagre de excepção.  

(Oliveira Ramos - Vinagre de vinho DOP do Tejo; PVP: +/- 7€, 250ml)

 

 


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