Seguindo a tendência do que aconteceu em outros países, nestes últimos anos, em Portugal, tem-se falado com algum entusiasmo de food trucks e comida de rua, uma actividade que fora as tradicionais rulotes das feiras, concertos eventos desportivos, tem tido uma evolução discreta, sobretudo, se falarmos em propostas que façam a diferença.
Vem isto a propósito da visita que fiz, no passado sábado, ao Smorgasburg Food Market, em Brooklyn, Nova Iorque, um mercado que reúne semanalmente 75 a 100 restaurantes de rua e que traz ao bairro de Williamsbourg, junto ao rio Hudson, milhares e milhares de pessoas. Gostei muito do do entusiasmo das pessoas em volta dos espaços, dos projectos interessantes (uns mais do que outros), do ambiente descontraido - O New York Times chamou-lhe "O Woodstock da comida" - e, claro, do que comi.
Os conceitos de cada stand variam bastante, mas cada espaço tem a sua especialização. Por vezes com uma proposta única, mesmo que com uma ou outra especialização. Por exemplo este só vendia lulas na chapa...
Já por aqui o assunto era mais carne: "Veal Ribs barbacue".
Tendências: fumados, cozeduras lentas, muita fusão ( também alguma confusão) e muita barriga de porco. Por exemplo, no Goa Taco a maior parte das pessoas que esperavam na fila faziam-no por causa da paratha (uma espécie de panqueca indiana) com pork belly (barriga de porco) assada lentamente num espeto sobre brasas. Foi uma das minhas escolhas e valeu os 20 minutos de espera. Super delicioso.
Outra das minhas escolhas foi o cholander sammie, nos coreanos Kimchie Smoke, uma sanduiche de carne de porco desfiada com kimchi fumado, queijo e cebolinha. Um pouco carregada de molho, bem ao gosto local, mas bem interessante. Fiquei surpreendido com a qualidade do pão/brioche, que costuma ser ruim - o que não acontece por aqui.
Hora de ponta sem rostos infelizes
Alguém pediu porchetta?
...e água de coco? e french fries "cortadas à mão". Sim, havia um stand que só vendia batatas fritas e com grande sucesso.
Claro, não podiam faltar as propostas "craft"(artesanal) e "gluten free".
Ou até mesmo fumados para veganos (e não só).
Mais um exemplo de especialização num único produto. Neste caso, pato, em versão tanto à oriental ou à ocidental.
Nova Iorque é a cidade do cheesecake, mas o tempo está quente e por isso a malta quer gelados? não há problema, arranja-se um gelado de chessecake.
Deixo para último, a mais concorrida das especialidades, o ramen burger. A fila era enorme e, por isso, acabei por não experimentar, mas fiquei curioso. Ramen (noodles) a fazer a vez de pão, num hambúrguer à oriental pode parecer um absurdo. Porém, pelo aspecto e pela quantidade de fiéis à espera, deveria ser absurdamente pornográfico. Um apelo aos instintos mais básicos. E, por vezes, isso é tão bom.
Qualquer pessoa que goste deste tipo de comida e ambiente, ou pretenda ter um negócio do género tem de vir a Williamsburg. Já para não falar que a vista para Manhattan é grátis.