Todos os anos, por esta altura, a Bon Appétit, a maior revista americana de gastronomia (1.5 milhões de exemplares vendidos por mês), nomeia os 50 melhores novos restaurantes do Estados Unidos, entre todos os visitados durante o ano, pelos jornalistas e críticos da revista. Entre a meia centena há apenas dois nomeados de Nova Iorque sendo que um deles é a Té Company, em West Village, uma pequena sala de chá pertencentes ao chef português Frederico Ribeiro e à sua mulher e sócia Elena Liao.
Elena, natural do Taiwan, há algum tempo que se dedicava aos chás de qualidade provenientes deste território, promovendo workshops e a venda do produto junto de algumas das melhores lojas e restaurantes de Nova Iorque. Quando Frederico Ribeiro decidiu sair do restaurante Per Se, onde era sub-chefe, embarcaram juntos num conceito novo mesmo para Nova Iorque: uma loja especializada em chás de pequenos produtores do Taiwan que serve também snacks e refeições ligeiras.
Segundo nos referiu o português, “a loja de chá está apenas focada nos oolongs de Taiwan, e de "farmers" que conhecemos lá. Aplicamos o conceito dos Chefs: tudo o que temos cá vamos buscar directamente aos produtores e assim sabemos de onde vêm e quem os produz”.
Em termos de comida, até Fevereiro serviam apenas snacks – entre eles a bolacha yuzukosho de ananás, apelidada pela revista Saveur como “New York’s best cookie” – e almoços com produtos que o chef português adquire no mercado de produtores da Union Square e a que aplica a regra de “manipulação mínima dos ingredientes”. Desde Fevereiro deste ano começaram a servir jantares, duas vezes por mês, com menu fechado com mais de uma dezena de pratos e cujo o acesso (aos apenas 16 lugares disponíveis) é feito através da compra antecipada de bilhetes online.
Por azar meu o casal vai estar de férias (e o lugar encerrado) entre 26 de Agosto e 9 de Setembro, precisamente na altura que estarei na cidade e em que contava visitá-los. Resta-me por isso aconselhá-lo* a quem for Nova Iorque nos próximos tempos e fazer figas para que figure nos “Hot 10” dos Estados Unidos, quando a Bon Appétit revelar os vencedores, no próximo dia 16.
Bolacha de ananás e compota de rosmaninho, creme fermentado de malagueta e yuzu (yuzukosho) e raspa de lima ou, segundo a Saveur, "a melhor bolacha de Nova Iorque".
P.S. Esta indicação podia ser por patriotismo ou de agradecimento pela óptima viagem guiada que o Frederico me proporcionou pelos seus lugares gastronómicos favoritos da cidade e que deu origem a uma reportagem que me deu um grande gozo fazer (ver abaixo em “Posts Relacionados”), mas não. Quer dizer, também foi. Porém, a razão principal razão é que ainda hoje não esqueço a francesinha que me preparou no Per Se (deve ter sido a primeira vez que a especialidade portuense foi servida num 3 estrelas Michelin), bem como as propostas que apresentou, em 2015, em Lisboa, quando passou pelo Sangue na Guelra.
Fotos: Matt Taylor-Gross para a Saveur (a última) e Té Company (composição com imagens retiradas do Instagram)
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