Foi considerado o melhor restaurante do mundo por 4 vezes nos últimos 5 anos. Mudou por completo a percepção que existia sobre a cozinha nórdica e influenciou uma nova geração de chefes por todo o mundo: da Islândia ao Brasil, dos Estados Unidos a Singapura, de Portugal a França, passando por Espanha. Contudo, o guia francês que ainda continua a ser a principal referência mundial da gastronomia, continua a deixá-lo de fora do clube restrito dos restaurantes com 3 estrelas Michelin. Refiro-me ao Noma, claro
Vem este post a propósito do lançamento do primeiro Guia Michelin Nordic Cities 2015. A empresa francesa até parecia demonstrar um real interesse pelo que se está a passar no norte da Europa quando, no ano passado, revelou que iria dedicar um guia aos países nórdicos. Até há dias, o que havia era um Main Cities of Europe, onde constavam as principais cidades desses países, como Copenhaga, Helsínquia, Oslo ou Estocolmo.
Contudo, agora que foi revelado, o sentimento de desilusão continua a pairar no ar. Primeiro, porque inclui apenas mais duas cidade nórdicas - Aarhus (Dinamarca) e Malmoe (Suécia) - em relação às existentes no "Main Cities", excluindo, por isso, a possibilidade de nele constarem restaurantes de culto como o Fäviken de Magnus Nilsson, localizado em Järpen, no fim do mundo da Suécia, ou o Kirkeby Kro de Paul Cunningham, a pouco mais de uma hora de Copenhaga (onde o inglês teve no passado um restaurante com uma estrela).
Mas a principal desilusão é o facto da direcção editorial do guia considerar que não há nenhum restaurante na região digno de receber 3 estrelas, nem mesmo o Noma de René Redzepi, número 1 do ranking do The World 50 Best Restaurants por 4 vezes nos últimos 5 anos.
Nem mesmo o facto de há pelo menos uma década os países nórdicos dominarem quase por completo os primeiros lugares do Bocuse d'Or, a competição mundial de chefs mais importante do mundo, que se realiza anualmente em Lyon, França, parece ter força suficiente para atingir o grau máximo do guia.
Ainda assim há algumas novidades e muitos restaurantes sobretudo com uma estrela Michelin. Copenhaga e Estocolmo têm agora 3 restaurantes com 2**. Na capital da Dinamarca, o a|o|c junta-se ao Noma e ao Geranium; e na principal cidade sueca o Oaxen Krog passa a pertencer ao mesmo grupo dos duas estrelas que já incluía o Frantzén e o Mathias Dalgren. Se juntarmos ao clube, o Maaemo, em Oslo (Noruega), verificamos que no guia nórdico da Michelin existem apenas 7 restaurantes com duas estrelas. Já ao nivel de 1* o guia apresenta 38 restaurantes, sendo que 15 são na Dinamarca (12 são em Copenhaga e 3 em Aarhus), igual número na Suécia (6 em Estocolmo, 6 em Gotemburgo e 3 em Malmoe), 5 na Finlândia (Helsinquia) e 3 na Noruega (em Oslo).
Se acreditasse em teorias da conspiração diria que a Michelin não vende pneus para a neve. Contudo, prefiro acreditar antes que o presidente dos guias Michelin, Michael Ellis - que dizem que tanto se empenhou na atribuição das 3 estrelas ao "fora da caixa" Diverxo, em Madrid - não gosta de frio.
Fotos: Phaidon, Michelin e Pocketfork
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