No último ano estive seis ou sete vezes em São Paulo onde deverei ter visitado cerca de três dezenas de restaurantes (14 dos quais foram descritos num artigo que escrevi na Fugas, do jornal Público, em Julho de 2012). De todos um dos que mais me surpreendeu foi, sem dúvidas, o Épice de Alberto Landgraf sobre o qual escrevi então na Fugas:
"Alberto Landgraf é o chef e sócio do Épice, um espaço sóbrio e elegante, de 40 lugares. Dentro dos restaurantes de cozinha contemporânea da cidade, é o que mais se aproxima da tendência actual da nova cozinha nórdica. Essa influência verifica-se, sobretudo, no estilo da confecção, nas conjugações e na estética “bruta” de empratamento. O menu de degustação que experimentei era desafiante, daqueles que entusiasma quem gosta de ser levado para fora da sua zona de conforto. A orelha de porco, disposta em tiras junto com outras de couve, estava tão estaladiça que converte em amor qualquer ódio por cartilagens; a mousse de uni (ovas de ouriço) era um shot de mar em forma de gelado com toque de café a dar-lhe complexidade. E o que dizer do “músculo de wagyu” (carne bovina) com tutano e mini-arroz? Apenas a sobremesa, uma variação de chocolates em várias texturas, ficou uns pontos abaixo. No fim, uma das pessoas que me acompanhava dizia-me que, provavelmente, nunca escolheria nenhum destes pratos à carta, mas que estava muito feliz por se ter deixado afrontar com este menu. Dentro do género, é do melhor que se pode encontrar em São Paulo.
Rua Haddock Lobo, 1002 Jardins, São Paulo Tel.: +55 11 30620866)"
Em Abril voltei de novo ao Épice para comprovar o que já achava: que seguir ao D.O.M. de Alex Atala e ao Maní de Helena Rizzo e Daniel Redondo, é o mais interessante dos restaurantes da nova cozinha brasileira. Ok admito que tenha sido influenciado por um dos pratos mais espectaculares que comi nos últimos tempos, e que até é (mais ou menos) um clássico: pé de porco com lentilhas, em que o pé de porco é desossado, limpo do que não interessa e remontado com foie gras. Este prato, cuja foto publico acima, não faz parte das escolhas do chef brasileiro para o almoço de sábado, o que ainda assim não diminui a curiosidade que tenho nos pratos que vai apresentar (dos quais só conheço a cavalinha), bem como a sua sequência junto com alguns dos 'clássicos' de José Avillez, que já várias vezes provou saber integrar bem as suas propostas em menus conjuntos. O jantar custa 100 euros já com bebidas, o que tendo em conta a qualidade dos chefs e das suas propostas e do restaurante em questão não deixa de ser um bom preço. Para os interessados aqui ficam os dados avançados pela assessoria de comunicação:
BELCANTO - dia 8 de Junho
MENU DE ALMOÇO – CHEF JOSE AVILLEZ E CHEF ALBERTO LANDGRAF
Amuse-bouche
Azeitona 3 - Chef José Avillez
Aspargos com rapadura - Chef Alberto Landgraf
Palmito, pupunha, mel de Jataí – Chef Alberto Landgraf
Bacalhau com grão - Chef José Avillez
Ferrero Rocher de foie gras - Chef José Avillez
Pato com laranja - Chef José Avillez
Entradas
Cavalinha curada, limão, tucupi, pickles de cenoura e louro – Chef Alberto Landgraf
Sapateira com tupinambo - Chef José Avillez
Coração de pato, Biju de milho, suco de ervilha – Chef Alberto Landgraf
Peixe
Salmonete, pedras da calçada e molho dos fígados - Chef José Avillez
Pickles de cebola, tapioca, vinagreta de castanha de barú - Chef Alberto Landgraf
Carne
Leitão revisitado - Chef José Avillez
Pré-sobremesa
Framboesa e wasabi - Chef José Avillez
Sobremesa:
Sorbet de Açaí, Beterrabas, Farinha d´Água e Queijo de Cabra – Chef Alberto Landgraf
Tangerina - Chef José Avillez
Preço: 100 euros com bebidas
Quem não puder estar presente no almoço mas ainda assim quiser saber um pouco mais sobre o chefe brasileiro e o seu trabalho pode assistir à conferência que Alberto Landgraf dará, ainda no Belcanto, no dia anterior ( sexta-feira, dia 7 de Junho)