Após oito anos a chefiar a cozinha do Chapitô à Mesa, Bertílio Gomes deixou a operação, embora se mantenha como sócio da empresa que explora este espaço em Alfama, com soberba vista sobre Lisboa. O chefe, de 44 anos, pretende agora dedicar-se a tempo inteiro à Taberna Albricoque, em Santa Apolónia, que em Abril completou um ano de existência, onde desenvolve uma cozinha bastante influenciada pelas suas raízes familiares algarvias. “Foram anos muito intensos, em que chegava a trabalhar 16 horas por dia, e estava a precisar de uma mudança”, disse Bertílio Gomes ao Mesa Marcada. Agora, à frente do Chapitô à Mesa fica Pedro Bandeira Abril, que já trabalhou nas equipas de restaurantes como a Taberna Salmoura, Taberna do Sal Grosso ou hotel Bairro Alto. A restante equipa de cozinha mantém-se, embora Bruno Salvado, braço-direito de Bertílio Gomes há muitos anos, se tenha mudado para a Taberna desde a abertura.
“Desde que abri a Taberna Albricoque que a minha intenção era sair completamente do Chapitô, vendendo a minha quota aos outros sócios. Mas, com a pandemia, a situação alterou-se e por isso vou continuar como sócio. Depois, logo se vê”, afirma Bertílio Gomes. Segundo ele, o trabalho era muito desgastante e já tinha deixado de ser desafiante. “No Chapitô, cerca de 90% dos clientes são turistas e por isso era difícil experimentar pratos como os que faço na Taberna, - como, por exemplo, a raia alhada ou a galinha cerejada – tinha que ir mais pelo gosto deles”, explica.
Já na Taberna Albricoque é ao contrário, ou seja, cerca de 90% dos clientes são portugueses o que pode ser uma vantagem nestes tempos. Por enquanto, o restaurante abre só para jantares às quintas, sextas e sábados, com 16 lugares no interior e mais 16 de esplanada. “A reabertura até que estava a correr bem, mas, com as notícias sobre a persistência da pandemia na região de Lisboa, já estou a sentir uma certa retracção”, adianta o chefe, que também está a dar mais atenção à Ice Gourmet, empresa de gelados que detém juntamente com a sua mulher, Maria Santos, explorando um espaço nos jardins da Fundação Gulbenkian, em Lisboa. “Vou agora dedicar-me a fazer novos pratos e menus para a Taberna e espero que, a pouco e pouco, possamos ir abrindo mais dias”, conclui Bertílio Gomes.