Decorreu, ontem, no Porto, a final Chefe Cozinheiro do Ano 2019 (CCA 2019), competição que já conta 30 edições e em que participaram os vencedores das etapas regionais ocorridas anteriormente. O vencedor foi Ricardo Luz, subchefe de Louis Anjos, no Bon Bon, Carvoeiro (Algarve), tendo na 2ª e 3ª posições, Bruno Ribeiro, da 1300 Taberna, e João Pedro Santos, do The Yeatman, respetivamente.
Segundo o presidente do júri, António Bóia, Ricardo Luz, que passou anteriormente por lugares como o Tavares, Penha Longa Resort e Vila Vita Parc, foi o que mostrou "maior consistência do início ao fim da prova e o que mais se destacou no sabor, na técnica e no desempenho profissional. Não há apenas um prato nos cinco que se destaque, porque todos seguiram um nível superior e coerente”. Os pratos apresentados nesta final por Ricardo Luz, foram: Caldeirada de Bacalhau com Ravioli de Sames e Língua; Salmonete e seus Fígados, Ervilhas e Milhos Fermentados; Presa de Porco, Rabo, Nabo e Couve; Arroz de Cherne e Gamba da Costa e Sericaia de Morangos e Poejos.
Quatro (dos cinco) pratos que levaram Ricardo Luz à vitória
Por sua vez, o Prémio Helmut Ziebell, que premeia o prato mais inovador do concurso foi atribuído ao chefe António Queiroz Pinto, pela sua sobremesa, Fatias do Freixo, Gelado de Queijo de Cabra e Pêra Bêbada. António Bóia justificou a atribuição deste prémio ao chefe do restaurante Tormes, em Baião, pela “capacidade de transformar um doce de romaria e de feira numa sobremesa que poderia ser servida em qualquer restaurante de luxo do mundo, devido à sua perfeita harmonização com o queijo de cabra e a pêra”.
O chefe António Queiroz Pinto e a sobremesa "inovadora" que ganhou o Prémio Helmut Ziebell
Importa lembrar que o CCA foi a primeira competição de chefes para profissionais de cozinha, e dela já saíram vencedores como Fausto Airoldi (foi o primeiro a triunfar, em 1990), Henrique Sá Pessoa (2005), João Rodrigues (2007), Vítor Matos (2003), António Loureiro (2014), Rui Martins (2016) e Luís Gaspar (2017). Na edição do ano passado, o vencedor foi Fernando Cardoso, nº2 de João Rodrigues, no Feitoria.
Para a regularidade e prestígio do concurso, mesmo com uma polémica ou outra pelo meio, tem contribuído bastante o facto do júri ser composto, desde sempre (pelo menos desde que me lembro), por um grupo de profissionais com provas dadas. Este ano António Bóia, chefe do JNCQuoî, foi o presidente, e os outros jurados foram Alexandre Silva (Loco), Orlando Esteves, Paulo Pinto (Chefe Executivo dos Hotéis Real), Nuno Diniz, Helmut Ziebell, Dieter Koschina (Vila Joya) e os júris assistentes Onildo Rocha (restaurante Roccia, em Paraíba, Brasil) e Fernando Cardoso (do Feitoria no Altis Belém e vencedor do CCA em 2018).
Um concurso praticamente sem a participação de mulheres
Porém, um aspecto negativo que continua a verificar-se, ano após ano. Numa altura em que muito se fala em igualdade de género também na cozinha, a ausência de mulheres no concurso continua uma constante . Entre os 18 candidatos que disputaram as etapas regionais apenas uma era mulher, Eduarda Silva, do Grand Hotel Açores Atlântico, que não chegou à final. Mas se não se deve forçar a disputa para ganhar ou apurar esta ou aquela, pode-se, pelo menos, procurar candidatas e incentivá-las a participar. Como se pode, também, fazer com que haja chefes mulheres no júri, o que voltou, também, a não acontecer, este ano, em que os avaliadores eram exclusivamente homens.
Como já escrevi numa edição anterior, recordo que o CCA conta no seu histórico com várias vencedoras, todas na primeira década da disputa: Adelaide Fonseca (1991), Adozinda Gonçalves (1993), Celsa Villalobos (1995) e Carla Rodrigues (1999). Ou seja, entre 1990 e 1999, houve equilíbrio com 6 homens e 4 mulheres a ganharem a competição. E em 2020, o cenário voltará a ser o mesmo?
Fotos: Cátia Barbosa