Foi ontem à tarde, no belíssimo show room da Bulthaup, no Chiado, que Vincent Farges anunciou os seus planos após sair da Fortaleza do Guincho, nos próximos dias.
Para já está entusiasmado com o projecto que vai abraçar no Sandy Lane, um resort de luxo nas Barbados, "uma ilha descoberta por um português", como referiu. A tarefa que lhe está confinada prende-se com a melhoria da vertente gastronómica do hotel e uma ligação mais directa ao seu restaurante de fine dining, “sem stress de estrelas Michelin".
Quanto ao regresso a Portugal, não há nada fixo de concreto, ao contrário do que o convite/comunicado anterior deixava a entender. Farges referiu que vai voltar a Lisboa no próximo ano para participar, como convidado, de um novo festival sobre cozinha de bistro, no novo Hotel Porto Bay - cuja carta do restaurante Bistro 4 é da responsabilidade de Benoit Sinthon (também presente ontem) - e da vontade de ter um restaurante próprio a médio prazo (daqui a 2, 4 anos).
Farges falou ainda de algumas ideias ligadas aos citrinos para fazer com o produtor Jean Paul Brigand e com Adriana Freire da Cozinha Popular da Mouraria (neste último caso, parece que quer fazer umas receitas para pôr os lisboetas a aproveitar as laranjeiras (e afins) que existem pela cidade.
O chef francês falou ainda da sua vontade de levar um pouco de Portugal para os Barbados e lembrou as suas influências nestes últimos 10 anos em que esteve em Portugal. "Como sabem quando cá cheguei a minha cozinha era influenciada por sabores marroquinos”, referiu, aludindo ao país onde trabalhou antes, "mas últimos tempos, como muitos disseram, já era quase portuguesa. Portugal marcou-me imenso”, confessou.
Por último, Farges, que começou o seu discurso com um agradecimento ao Fortaleza do Guincho e à sua última directora Petra Sauer, quis deixar uma palavra de apoio ao seu sucessor (Miguel Rocha Vieira), desejando-lhe “o maior sucesso” e pedindo que lhe seja concedida "a mesma tolerância" que lhe deram a ele.
Houve um engraçadinho (cujo nome não vou dizer mas que começa por um “D” e até escreve neste blogue) que ainda tentou colocar pressão dizendo que a Michelin estava a ponderar lançar um guia das Caraíbas. Porém, o Sr. Farges, em modo total relax, limitou-se a esboçar um sorriso. Aparentemente (e embora a cada dois minutos tenha falado em regressar) não está descontente com o lugar para onde vai. Porque será?