Fica próximo da Praça das Flores, em Lisboa, o In Bocca al Lupo, uma simpática pizzaria de decoração sóbria e acolhedora aberta em Julho do ano passado, por uma família portuguesa de ascendência italiana.
Anteriormente, neste espaço, funcionou uma padaria e um restaurante argentino. Deste último a nova casa herdou o forno de lenha onde fazem as pizzas de massa fina, sem fermento, ao estilo de Roma.
Com uma ou outra excepção, no In Bocca al Lupo os ingredientes são de produção biológica, importados ou comprados em locais como o supermercado bio Miosótis, ou directamente a produtores como Vasco Pinto. Nas pizzas não há grandes invenções nem disparates, tipo milho de lata com ananás e cogumelos, predominando receitas clássicas como a margherita, caprese, diavola ou funghi (com preços entre os 7.5€ e os 13€, com excepção da de trufa que custa 22€). Nas entradas apresenta-se produto sem grande transformação: há um carpaccio de courgete, burrata de bufala, uma tábua de parmesão e rúcula e outra com o mesmo queijo e bresaola (presunto de vaca). No capítulo das sobremesas, encontramos tiramisu, parfait de chocolate, café granizado com natas e até uma mousse de chocolate vegan, feita com chocolate, tofu e especiarias. Aliás, esta é outra das particularidades do restaurante: é vegetarian friendly.
Neste sábado ao almoço a vontade de comer pizza fez-me saltar as entradas e ir directamente ao assunto, excepção para o couvert, de tiras fininhas de focaccia, com um óptimo hummus de coentros e um toque de limão, que aceitei de bom grado.
Nas pizzas experimentei a de pesto e mozarela, monótona à vista mas não no palato. Contudo, a preferida, foi a hortolana (na imagem), com tomate, mozarela e legumes grelhados. Em ambas apreciei o sabor nítido dos ingredientes (sem abuso da gordura, como intensificador de sabor) e da massa fina, resultando o conjunto numa leveza, pouco habitual numa pizza. Muito boa ainda a limonada e as cervejas alemãs Bitburger e Benedikter à pressão (também existem as artesanais portuguesas Letra e a bio Alentejana Santiago, além de uma carta de vinhos muito razoável).
Das sobremesas experimentei o tiramisu (na foto), que me pareceu equilibrado em termos de doçura, mas não tão cremoso como gostaria (muito bom o twist das tirinhas de casca de laranja no top e do crocante de chocolate no meio).
O serviço ainda um pouco amador é compensado pela simpatia. Menos simpática, apenas a demora, mas nada de grave (parece que faltou alguém do pessoal, segundo nos informaram).
Muitos profissionais do ramo não são grandes adeptos de um qualquer amador poder abrir um restaurante. Pois eu gosto. Não tanto de pára-quedistas em busca de "algo giro" para fazerem mais do mesmo, mas sim de alguém que procura concretizar uma paixão, possui (pelo menos) algum talento para a cozinha (e para a gestão, já agora), vontade trabalhar bons produtos e de fugir ao óbvio. Em português In Bocca al Lupo significa: "na boca do lobo. Já em Itália quer dizer igualmente "boa sorte". É o que eu lhes desejo também - ainda que como diz o outro: ter sorte dá muito trabalho.