A revista Time Out, desta semana, escolheu como tema principal "82 Novos Restaurantes" que abriram em 2014, na grande Lisboa, num trabalho assinado pela Mariana Correia de Barros e Tiago Pais. No editorial, o director da publicação João Cepeda começa por referir que, na primeira vez que fizeram um tema sobre novos restaurantes "o mundo (genericamente) tinha acabado de falir (...) e os economistas juravam que Portugal iria sofrer como nenhum outro país. O tema, no entanto, dizia o contrário. Mostrava que aqui, em Lisboa, continuavam a abrir mãos cheias de restaurantes, apesar dos problemas e do pessimismo". Cepeda, continua referindo ainda que houve quem se insurgisse e os acusasse por "mostrar uma realidade 'vergonhosa', mas que a eles "nunca envergonhou o facto de Lisboa ter crescido entre as gotas da crise". Por fim, remata dizendo: "Hoje, como na altura, temos orgulho, isso sim, por anunciar que nos últimos meses nasceram mais 80 novos negócios".
Claro que se pode sempre questionar quantos destes 80 valem mesmo a pena, ou quantos dos incluídos na primeira lista (que João Cepeda refere no editorial) ainda existem. Mas entre os arautos da desgraça da AHRESP e o optimismo da revista haverá, por certo, "um deve e um haver". Talvez fosse curioso saber, daqui a um dois anos, quantos restaurantes minimamente interessantes abriram - com toda a subjectividade inerente a uma escolha do género - e quantos deles se mantiveram.
Já agora é interessante ainda perceber que tipo de restaurantes abriram. Aqui fica a contagem, respeitando a nomenclatura dada pela revista:
Cozinha de autor : 8 ;Tradicional: 11; Pizzas: 3; saudável: 4; Hambúrgueres: 7; Petiscos: 14 (17%); Comida do mundo: 17 (21%); Carne: 5; (Com-) Fusão: 13 (16%).
Ainda a não perder, nesta edição, a entrevista de Ricardo Felner a Vítor Sobral, com o sugestivo tema: "Temos uns 30 restaurantes que mereciam uma estrela Michelin". Entre algumas alfinetadas à imprensa ("existe o modismo, provocado por vocês, que vão sempre atrás da novidade, mas mesmo com este modismo todo há muitos bons restaurantes hoje") e outras revelações, Sobral tece rasgados elogios a José Avillez ao elogiar o conceito do Minibar e referindo o Belcanto como o restaurante de alta cozinha portuguesa que mais o surpreendeu nos últimos tempos.