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Canapés de tenébrios e outras iguarias que não chegam a ser tenebrosas.

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Há dias uma amiga comentava comigo, com algumas notas de horror e nojo, algo que tinha visto na televisão. "Agora até nos querem pôr a comer insectos.", dizia. As Nações Unidas tinham-nos apontado como uma alternativa para alimentar uma população mundial cada vez mais numerosa. Não tinha visto, mas andei à procura e fiquei mais informada.

Já em várias ocasiões comi insectos intencionalmente. E digo intencionalmente pois já todos comemos muitos sem dar por isso, misturados com outros alimentos. Mas compreendo que para muita gente seja uma barreira difícil de transpor.

O ano passado até fiz uma brincadeira com os meus alunos, um desafio a ultrapassarem essa barreira. Ofereci-lhes estes para provarem:

Todos o fizeram. Sem problemas.

Uns dias depois da dita conversa com a minha amiga, recebi informação sobre um debate que iria acontecer no Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva:

FUTURING

Mesa para 10 000 000 000 | 24 Maio

Como imagina a nossa comida daqui a 100 anos? Com o crescimento da população mundial, a pressão crescente sobre os recursos e o desperdício de alimentos, seremos capazes de criar receitas para alimentar o mundo? Inventaremos novos alimentos? Ou recorreremos a outros menos convencionais como insectos, algas ou carne in vitro?

E mais, prometiam:

Descubra o que é que o mundo come e prove o que poderão ser os alimentos do futuro… insectos, algas e muito mais!

Lá fui descobrir como seria o futuro da alimentação. Para aconchegarmos o estômago antes da discussão, os insectos eram o prato forte.

Estes tenébrios (que estavam bem vivos e irrequietos) foram, depois de violentamente imobilizados, as vedetas em canapés e bolos:

 

Para os mais afoitos propunha-se uma prova de tenébrios vivos. E porque não?

Estes simpáticos grilos, foram servidos cobertos de chocolate:

Algumas pessoas não conseguiram ultrapassar a barreira, mas acho que a maioria provou estas iguarias.
Ainda não comi possivelmente o insecto certo, a formiga saúva do D.O.M. ou as primas escandinavas do NOMA. Talvez assim ficasse rendida. Os que comi não me deixaram memórias (boas ou más), pura e simplesmente não sabiam a nada. Umas "palhinhas" estaladiça (ou nem tanto, no caso dos tenébrios crus), mas não mais do que isso.
Serão nutritivos, serão alimentos mais sustentáveis... imagino que sim. Teremos que recorrer a eles... pode ser que sim. Mas para serem de facto fonte de proteínas, aí terão que ser mesmo o prato forte. Se os comeremos? Pois "todo o burro come palha"... mas tal como no caso desta, também no caso do insectos, o cerne da questão é o resto do ditado "a questão é saber dar-lha".
São interessantes estas discussões e estas análises do futuro da alimentação, mas faz-me sempre alguma confusão ser normalmente esquecido um aspecto que considero fundamental - é importante ser bom.

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