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Os guerreiros do mar e as especialidades de Aljezur

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Acordar às 8 da manhã depois de um jantar prolongado na véspera (o dos chefs de Portugal) e de um programa de 4 dias intensos, não parecia animador. Contudo, a ideia de ir apanhar percebes como os que nos deliciámos no dia anterior, ou, pelo menos, de assistir à apanha, superava a vontade de quebrar o despertador, virar para o outro lado e tentar recuperar as largas horas roubadas à cama. Já prontos para sair em direcção a Aljezur, no Algarve mais selvagem da costa vicentina, percebemos que as condições do tempo não iriam permitir a actividade. No entanto faziam questão que conhecêssemos o local e ficássemos a saber um pouco mais sobre os percebes e a actividade. E assim fomos rumo a Aljezur para nos encontrarmos com João Mariano, fotógrafo, autor do incrível livro “Guerreiros do Mar”, onde acompanha e retrata a luta contra ondas e marés dos apanhadores de tão apreciado crustáceo, como José Vitorino, que nos esperava, também. Ambos nos explicaram os locais e o percurso que habitualmente fazem. Munidos com uma arrualha (pau comprido com uma extremidade pontiaguda) ou uma navalha, aguarda-se pela maré baixa para num desafio constante, em equilíbrio nas rochas e em parte dentro de água, alcançar locais como o rochedo da Ponta da Atalaia que observamos, não muito longe, do cimo da Falésia. O vento sopra forte. Em baixo o mar bate com alguma violência e a espuma branca acompanha o vai e vem das ondas, num replicar constante, concedendo ao cenário uma rara beleza – mesmo para o grupo brasileiro, habituado a paisagens deslumbrantes no seu país.
Curiosamente não comemos nem um percebe. Contudo, na sede da Associação de Pescadores do Portinho da Arrifana,somos recebidos, não só com pão (o óptimo, do Rogil) e vinho sobre a mesa, mas também com um conjunto de produtos de excelência produzidos nesta região do Algarve. Da emblemática batata doce – e produtos confeccionados com ela - aos enchidos, das compotas aos biscoitos, passando por petiscos como moreia frita, guisado de polvo com batata doce, ou salada de búzios. Era para ser um ‘snack’ a meio da manhã mas funcionou como almoço. Ou melhor, como um primeiro repasto, porque ainda havia um almoço de carnes da matança (do porco), na Herdade da Malhadinha Nova, próximo de Beja. 

Texto publicado originalmente no site Portugal dos Sabores (12 Março); fotos: Vasco Célio

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