
Já o tinha feito quando ele a ganhou no Tavares, agora tornei a dar a José Avillez a excelente noticia de que tinha ganho uma estrela Michelin. Ele já estava desconfiado, já lhe tinham telefonado de um jornal, mas preferiu esperar pela confirmação oficial, porque com a Michelin nunca se sabe, há sempre muito rumores. "Quando me telefonou da outra vez, ficou espantado por eu ter ficado tão sereno. Pois agora estou ainda mais. Tinha esperança, mas o restaurante só abriu em Janeiro. Nesta manhã, reuni a minha equipa e disse-lhe que acontecesse o que acontecesse, amanhã teríamos que estar motivados para trabalhar da mesma maneira." Apesar da serenidade, o chefe não esconde que ficou muito contente. "É bom para nós, para o negócio, para a cidade, para todos", considera. Quando eu era jornalista, sentia-me na obrigação de também telefonar para os chefes que perdiam estrela. Agora, dou-me ao luxo de me poupar a isso. Só espero que os grandes chefes que são Aimé Barroyer e Albano Lourenço não esmoreçam.
Novo telefonema para José Avillez. Tinha-me esquecido de lhe perguntar como ia festejar. "Vou celebrar aqui, com a minha equipa e a do Cantinho". E, já agora, diga sinceramente se acha que tem condições de ganhar uma segunda estrela para o Belcanto. "Acho que sim". E sobre a perda da estrela do seu antigo restaurante, o Tavares? "É uma grande perda para a cidade. Mas mando um grande abraço para o Aimé, que é um excelente chefe. As pessoas por vezes atribuem as culpas ao cozinheiro, mas não é assim. Não se fazem omeletes sem ovos..."