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Vencedores inesperados no The World Restaurant Awards 2019

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Os organizadores Joe Warwick e Andrea Petrini tinham repetido várias vezes que o The World Restaurant Awards não seria mais uma lista e que queriam tentar fazer algo diferente que celebrasse o mundo da restauração de uma forma nova, relevante e descontraída. E surpresas não faltaram. De facto, muitos dos presentes no evento que decorreu, ontem, no Palais Brongniart, em Paris, tentavam adivinhar o vencedor a partir da short list que tinha sido divulgada, umas semanas antes, e raramente acertavam, a começar pelo vencedor daquela que pode ser apontada como a principal categoria, a de Melhor Restaurante do Ano, que foi ganha pelo Wolfgat, um espaço situado numa pequena vila piscatória a 2 horas da Cidade do Cabo, na África do Sul. 

 

Estes prémios, fundados por dois dissidentes do World 50 best, e que conta com uma lista publica (da qual faço parte) de mais de 100 jurados de especialistas de vários países, tinham dois candidatos portugueses na "short list" depois de outros quatro terem feito parte da lista mais longa (como relatámos aqui). A Cervejaria Gazela, no Porto, com os seu cachorrinho era candidata na categoria Prato da Casa do Ano, e o The Presidential Train, estava nomeado para Evento do Ano. Nenhum dos dois ganhou, mas os responsáveis de ambos, presentes na cerimónia, estavam visivelmente satisfeitos por terem sido nomeados e poderem estar ali.

 

As categorias nestes prémios estavam divididas em duas áreas: Big Plates (Grandes Pratos ) e Small Plates (Pequenos Pratos). Nos Big Plates, estão as categorias, mais comuns, como a de "restaurante do ano”, “restaurante novo do ano”, “restaurante de lugar longínquo do ano”, “restaurante com melhor ambiente do ano”, “restaurante de prato especial da casa do ano”, “restaurante clássico do ano”, “restaurante com pensamento original do ano”, etc.

 

Já nos Small Plates, aparecem categorias que podem parecer um pouco estapafúrdias, mas que, olhando bem, e conhecendo os curadores, verifica-se que foi a forma humorada que eles arranjaram para premiar algo que vá sentido oposto às tendências (com excepção da “conta de Instagram do ano”). Nesta divisão surgem então prémios como:  “Chefe sem tatuagens do ano”, “restaurante em que os cozinheiros não usam pinças do ano”, “restaurante com trolley/carrinho do ano”, “artigo longo de imprensa do ano”.

 

E os vencedores foram: 

 

. Restaurante novo do ano : Inua, Tóquio, do alemão Thomas Frebel ex-braço direito de René Redzepi 

 

. Restaurante livre de pinças do ano: Bo.lan, Banguecoque, Tailândia

 

. Prato da Casa do Ano : Cacio e pepe "en vecia" (servido numa bexiga de porco) de Ricardo Camanini, Lido 84, na Lombardia, Itália. Era esta a categoria em que concorria o cachorrinho da Gazela, Porto. 

 

. Restaurante num lugar Remoto do Ano: Wolfgat, África do Sul 

 

. Conta de Instagram do ano: Alain Passard 

 

. Restaurante com Melhor Ambiente do Ano: Vespertine, Los Angeles, EUA 

 

. Restaurante Sem Reservas do Ano: Mocotó, São Paulo, Brasil

 

. Chefe Sem Tatuagens do Ano: Alain Ducasse 

 

. Restaurante  “Ethical Thinking” do ano: Reffetorio (várias cidades do mundo)

 

. Original Thinking: Le Clarence, Paris (bateu, entre outros, o Noma, Enigma, Mugaritz) 

 

. Trolley do Ano: Ballymaloe, Irlanda (carrinho de doces) 

 

. Enduring Classic (restaurante aberto há mais de 50 anos): La Mère Brazier, Lyon  

 

. Forward drinking (lista de bebidas do ano): Mugaritz - no ano em que celebram 20 anos, um restaurante “que é uma aberração”, como Andoni Aduriz se referiu em tom jocoso, quando discursou no palco

 

. Restaurante com lista de vinho tinto do ano: Noble Rot, Londres, Inglaterra 

 

. Evento do ano : Refugee Food Festival (vários locais)

 

. Colaboração o ano: Paradiso com Gortnanain, Cork, Irlanda  

 

. Peça jornalistica longa da ano: Lisa Abend “The food circus”, Fool Magazine 

 

. Restaurante do Ano : Wolfgat, África do Sul 

 

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Alex Atala a entregar o prémio "Sem Reservas" do ano ao seu colega Rodrigo Oliveira, chefe do Mocotó, em São Paulo

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Ambiente geral da festa após a cerimónia 

 

O The World Restaurant Awards aparece com a preocupação de ter um júri que reúne uma série de grandes nomes, mas também figuras pouco conhecidas que vêm de lugares recônditos. Ou seja, houve a preocupação que  fosse geograficamente abrangente e igualitário em termos de género. Do grupo de cerca de 103 especialistas provenientes de 37 países fazem parte, por exemplo, chefes como Massimo Bottura, Rene Redzepi, Elena Arzak, Ana Rós, Dominique Crenn, Alex Atala, Dan Barber, Daniel Humm, Virgilio Martinez, Yotam Ottolenghi e Amanda Cohen, ou Nicholas Gill, Robbie Swinnerton, Alexandra Michot ou Alexandra Forbes, entre os jornalistas (ou autores).De Portugal fazem parte a Ana Músico, o Paulo Barata, o João Wengorovius e eu, Miguel Pires.

 

Segundo informou ANdrea Petrini, os candidatos integraram as listas pela sua classificação matemática ainda que tenha havido alguma curadoria, por parte de Petrini e Joe Warwick, nos muitos casos em que houve empates. Já os vencedores de cada categoria foram definidos por pequenos grupos compostos por pelo menos dois membros dos júri. Cada um destes pares ficou responsável por uma categoria tendo visitado todos os restaurantes que faziam parte da shorlist  (no caso em que isso era aplicável). Já o vencedor de restaurante do ano foi eleito após reuniãos entre estes pequenos comités de jurados. 

 

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