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Pedro Pena Bastos está de volta ao mais alto nível com novo projecto em Lisboa

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Pedro_Pena_Bastos.jpg

 

Em Setembro do ano passado, anunciei aqui que Pedro Pena Bastos iria deixar o restaurante do Esporão em breve, o que lamentei por ser um grande entusiasta do trabalho que vinha a desenvolver naquele lugar, onde me proporcionou algumas das melhores refeições de alta cozinha dos últimos tempos. 

 

Desde essa altura, fui acompanhando os seus passos, falando com ele de quando em vez. Soube que depois do anúncio, e após recuperar de um acidente de trabalho (ainda no Esporão),  participou em jantares especiais, em festivais (dentro e fora do país) e andou desenvolver e a tentar viabilizar um projecto pessoal em parceria com a sua mulher, Teresa Chaves, que também estava no Esporão.

 

 

Tudo apontava que abrissem no Porto algo que poderia começar com uma deli seguido, mais tarde, de um restaurante de cozinha de autor, com poucos lugares. Ainda houve conversações com potenciais investidores, mas o projecto na Invicta nunca chegou a sair do papel. Lisboa passou então a ser hipótese e quando começavam a pensar nessa possibilidade - até porque já tinham iniciado uma ou outra consultadoria - chegou o convite para uma conversa.

 

Segundo Pena Bastos, tudo começou na cerimónia dos Preferidos do Mesa Marcada, em Janeiro. João Wengorovius, o autor desse livro incrível chamado We,Chefs, também ele um entusiasta do seu trabalho, tinha-o recomendado a um amigo, dono de um pequeno boutique hotel em Lisboa, e sugeriu-lhe que fosse lá conhecê-lo.

 

“Cheguei aqui e foi amor à primeira vista”, diz-nos o chefe portuense. Sentado na ponta da enorme mesa onde dentro de dois/três meses uma boa parte da acção se irá passar, Pena Bastos conta-nos como foi a conversa. “Vim cá ter com o João e ficámos a falar durante umas quatro horas”. Houve empatia entre os dois, pelo que as conversas foram avançando. “O tempo que nos estivemos a conhecer serviu para amadurecer as coisas. Tive dúvidas e chateei-o muito. Comecei a olhar para isto com uma forma muito positiva e percebi que se as coisas forem bem feitas, consigo encaixar-me neste projecto, que tem solidez. É um desafio enorme, mas estou a adorar".

 

E o nome? E onde fica?

 

 

Entra agora em cena João Rodrigues, o proprietário do Santa Clara 1728, em Lisboa - o tal boutique hotel ao qual chama “casa” - e de uma série de outros espaços dentro do mesmo conceito, no Alentejo: as Casas na Areia, Cabanas no Rio e Casa no Tempo – todos juntos englobam-se debaixo de um chapéu chamado Silent Living.

 

João Rodrigues não gosta de grande publicidade, nem muito de aparecer, mas revela simpatia e um sentido hospitaleiro apurado, ou não tivesse sido o gosto por receber o que o levou a meter-se nesta actividade que reparte, em paralelo, com a profissão de piloto de aviões de longo curso.

 

Santa_Clara.JPG

 

Por cá, apenas algumas pessoas ouviram falar dos seus projectos mas googlando um pouco encontramos várias artigos sobre as suas casas lá fora,  do Telegraph, à revista Wallpaper. É através de um ou outro artigo como estes e sobretudo do passa a palavra, que Rodrigues acaba por ficar próximo de muitos clientes que o visitam e com os quais foi criando uma pequena comunidade.

 

“As pessoas que ficavam nestas casas estavam sempre a perguntar onde se poderiam hospedar em Lisboa e então comecei a procurar um lugar”. Foi aí que descobriu um edifício antigo danificado, do século dezoito, junto à Feira da Ladra. Começaram a obra - como sempre, com o arquitecto dos seus projectos, Manuel Aires Mateus - e desenharam o conceito. “Inicialmente eramos para ter quinze quartos. Depois passámos a dez e acabámos por decidir fazer apenas seis”.

 

E onde é que entra e o que vai fazer Pedro Pena Bastos?

 

 

 

Quanto ao restaurante, quer João Rodrigues, quer o antigo chefe do Esporão, não abrem demasiado o jogo, “até porque ainda há muito por definir”, dizem. Quero mais sumo, mas João volta ao contexto: “quando estavam a terminar o projecto de Lisboa percebemos que existiam elementos comuns mas faltava um fio condutor. Cada casa tem os seus ingredientes. Cruzámos tudo, chegámos a palavras a partir do que as pessoas diziam, e o silêncio foi a que mais se destacou”. Daqui nasce então o tal “chapéu”, Silent Living, que se materializa através de uma série de ingredientes que tem muito a ver com o conceito e a personalidade dos locais.

 

Dá o exemplo da Casa do Rio, na Comporta, que era uma casa de madeira de guardar material dos pescadores e deveria parecer-se como tal, enquadrar-se no seu ambiente com uma ligação à água e à natureza, para que que quem nela fica seja embrenhado imediatamente nessa atmosfera. Porém, salienta João Rodrigues, “houve uma altura que cheguei à conclusão que tínhamos de fazer algo mais. Se os nossos hóspedes queriam jantar em Lisboa, não tínhamos nada para lhes oferecer”. E é aqui que entra o convite a Pena Bastos.

 

Vou juntando as peças do puzzle, para tentar adivinhar como vai ser o restaurante. O espaço já existe. Fica no piso térreo, quando se entra, à direita. Ele é marcado por uma enorme mesa, com uma antecâmara (onde se finalizarão os pratos) e depois uma cozinha.

 

“Eu acredito que nesta mesa vamos conseguir criar uma experiência completamente diferente de refeição. Tem a ver com tudo, com o antes, o durante e o depois. Existirão coisas ligadas a cada um desses momentos”. Rodrigues não teme a força das palavras, mas não deixa de ser cauteloso: “atenção, eu não digo que vai ser a melhor refeição do mundo. Mas digo que vai ser uma experiência única”, remata.

 

Insisto em ter mais detalhes, mas a bola vem semi-devolvida. Sim, será um fine dining com uma cozinha na linha do que Pena Bastos fazia no Esporão. Ele andará entre a cozinha e a mesa, que comportará 14 clientes, e terá dois a três cozinheiros, que também farão o serviço. A eles, deverá juntar-se um responsável pelos vinhos e pela sala. Já estão encomendados uma boa parte dos materiais de serviço (loiças, cerâmicas, copos, talheres, fardas, etc) mas ainda faltam  algumas obras na cozinha, bem como uma maior definição e concretização do conceito.

 

 

“Houve uma coisa que de certa forma acabou por nos aproximar, a mim e ao Pedro, que teve a ver com o facto de quando temos um projecto novo para fazer não vamos copiar ou ver outros. Parte muito de dentro para fora e do que queremos expressar de uma forma harmoniosa. Não vamos fazer nada à pressa. As coisas vão ser feitas à medida (taylor made) para proporcionar a melhor experiência possível. Isto não é um restaurante para facturar milhões”, remata o proprietário do Santa Clara 1728.  

 

Para já esta é a informação disponível. Incompleta, é verdade, mas dá para perceber o contexto e a ideia geral do que se passará ali para lados da Feira da Ladra, lá para Julho, se tudo correr dentro do previsto. É uma boa notícia e acima de tudo é bom saber que um chefe talentoso como Pedro Pena Bastos volta ao activo e, aparentemente, ao mais alto nível.

 

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Fotos retiradas do Instagram do Silent Living 

 


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