Há 2 anos, poucos sabiam quem era Dominique Crenn, na Europa . Na verdade, mesmo nos Estados Unidos, a chef francesa radicada na costa oeste era quase uma ilustre desconhecida. Tudo começou a mudar, em 2013, quando o Guia Michelin atribuiu duas estrelas o seu restaurante Atelier Crenn, em São Francisco, tornando-a na primeira mulher a alcançar tal feito em terras do tio Sam. Depois disso, em 2016, veio o prémio de “Melhor Chef Feminina do Mundo” para o júri do The World’s 50 Best Restaurants, um episódio na série da Netflix Chefs Table e, mais recentemente, a entrada para a 83ª posição da segunda parte da lista atrás mencionada.
Dominique Crenn hoje é uma estrela e não é comum vermos alguém vir dos Estados Unidos no auge da sua carreira para fazer um jantar em Portugal. Esse momento terá lugar no Loco (1*Michelin), no próximo dia 15 de Agosto, às 20h, em dueto com o chefe anfitrião Alexandre Silva.
Tenho de aplaudir o esforço de Alexandre Silva que sem uma grande estrutura ou patrocinadores por trás, tem vindo a organizar jantares “a 4 mãos” no seu restaurante, com chefes em ascensão ou de créditos firmados com trabalho muito interessante, como foi o caso de Atsushi Tanaka, do A.T. (Paris), Daniel Burns, do Luksus (Nova Iorque – entretanto encerrado), Diego Guerrero, do DStage (Madrid) ou, mais recentemente, de Pedro Pena Bastos do Esporão (Monsaraz).
Alexandre Silva com Pedro Bastos e as suas equipas no último "a 4 mãos"
Acompanhei à distância os primeiros jantares, mas estive presente neste último, no dia 20 de Julho e saí rendido. Como escrevi na altura no texto que acompanhou a série de fotos que coloquei no Instagram, “apesar cada um ter a sua identidade, ambos jogaram em equipa com um fio condutor que em nenhum momento nos levou ao enfado. Houve pratos que se distinguiram, como o rim, a lula com raiz de aipo e trufa de verão, o lírio e azeite, a corvina e caldeirada verde, o pato com cantarelos, o gelado de morango, tomate e pimento, ou o pêssego com pastinaca e avelã. Apenas um prato ficou um pouco aquém (os bivalves com pés de porco), o que dá para perceber o alto nível de jantar. É impressionante ver a evolução dos nossos cozinheiros nestes últimos anos. Definitivamente a alta cozinha, em Portugal, está a atravessar um momento de ouro. E se são sempre os chefes a levar os louros, não se pode deixar de elogiar as equipas de profissionais motivados e cada vez mais bem preparados que com eles trabalham”.
Portanto, só tenho razões para dizer Dominique Crenn promete. Sim, a experiência não vai ser uma pechincha. Ainda assim os 200€ ficam mais em conta do que reservar uma mesa no Atelier Crenn (325 USD + 175 do pairing) e apanhar um avião para São Francisco. Reservas para 213 951 861 ou do reservas@loco.pt.
Fotos: Chuck Thompson e Miguel Pires