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Um jantar muito prometedor no restaurante Antiqvvm, no Porto

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Ora aqui está uma boa noticia para quem está no Porto, ou para quem não está se deslocar até lá: Vítor Matos, que acaba de abrir o restaurante Antiqvvm, no antigo Solar do Vinho do Porto, recebe dia 25, para um jantar de “Cumplicidades Gastronómicas”,  o chefe Michel van der Kroft – do restaurante ‘t Nonnetje**, em Harderwijk, Holanda.

 

Além do chefe holandês - que passou recentemente pela etapa da Rota das Estrelas no Feitoria - são convidados, também, Dirk Niepoort e Nina Grunkowski, o que significa que haverá harmonizações menos usuais com os excelentes vinhos da Niepoort e com os óptimos chás Camélia, que Nina importa (sobretudo do Japão) e (em alguns casos) mistura em Portugal com outros produzidos cá.

 

Aqui fica então a proposta do quarteto para a abrir o apetite:

 

Menu de Degustação “Cumplicidades Gastronómicas” 

 

Chef Vitor Matos 

Lavagante azul da nossa costa glaciado como molho de ostras, yuzo e maracujá

Molho de espumante e gengibre

Redoma Rosé 2004 & Chá Dashi

 

Chef Michel van der Kroft

Raviolis recheados com queijo de ovelha Serra da Estrela, trompetas da morte

Espinafres e manteiga de salva 

Redoma Branco Reserva 2014  & Chá Dashi

 

 

Chef Vitor Matos

Robalo selvagem escalfado com algas, salicórnia, xarém de carabineiro e coentros

Molho de mexilhões e VV 

VV  Vinhas Velhas Branco 2013 & Chá Dashi

 

Chef Michel van der Kroft

Lombo de veado 'Rossini' com foie gras des Landes, trufas toscanas, jus vinho da Madeira

Creme de batata em cebola

Batuta 2013 & Conciso 2012 & Chá Dashi

 

Chef Vitor Matos

Tatin de pera Rocha com açafrão e especiarias, gelado de doce de leite

Noz de pecan,  mousse de mascarpone e pão de pistachos 

Niepoort Colheita de 1997 

 

Pequenas cumplicidades  & Chá Kukicha Karigane

 

Preço por pessoa: 100€ (limitado a 40 pessoas).  Reservas: 226 000 445 ou antiqvvm@gmail.com

 

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Salsa & Coentros muda de chefe

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Mick Jagger foi um dos muitos visitantes estrangeiros que ficaram a conhecer melhor a nossa cozinha no Salsa & Coentros. À esquerda, José Duarte, à direita,  Belmiro de Jesus. (Foto Blitz)

 

Quando me pedem para indicar restaurantes que em Lisboa praticam cozinha portuguesa com qualidade e num ambiente agradável, há dois nomes que me surgem imediatamente: o lendário Pap’Açorda, no Bairro Alto, e o Salsa & Coentros, em Alvalade. Por isso, foi com alguma preocupação que soube que neste último tinha havido uma mudança recente, com a saída do seu chefe de cozinha e co-fundador, Belmiro de Jesus, a quem devo refeições memoráveis.

 

Mas o próprio Belmiro de Jesus sossegou-me. “Não houve problema nenhum, eu é que achei que era hora de mudar, quis fazer outra coisa, com menos mesas, menos empregados e pressão. E o Salsa & Coentros, com o qual mantenho óptimas relações, vai continuar no mesmo estilo, com o José Duarte [o outro co-fundador, responsável pela sala] e com a Maria Aparecida na cozinha, que já lá está há dez anos e era quem me substituía quando eu não estava”, assegura.

 

Quanto ao novo projecto, ele conta ao Mesa Marcada que será na Av. João XXI, ao lado da garrafeira Napoleão, que faz esquina com a Av. de Roma. Deve abrir até ao final deste mês, com 22 lugares, mais oito de esplanada, e chamar-se-á Bela Empada, já que Belmiro de Jesus terá nas empadas um dos pontos fortes da casa. “Vamos ter empadas de galinha, como no Salsa & Coentros, mas também de muitas outras coisas, desde lagosta a coelho, bem como outros pratos que costumo fazer e também novidades. E vamos ficar sempre abertos, a tarde toda, para que as pessoas estejam à vontade em termos de horários”.

Klein Agency na cozinha d' O Apartamento

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This brings us back, finally, to the question of love. Serving a meal is to give happiness to others, not to supply nutriments: fats, proteins, carbohydrates, and so on. Even the best soufflé, both in nutritional and artistic terms, will be bad if you don’t make your guests feel at home.

[…] Yes, cooking is first and foremost about love, and only then about art, and after that technique.                                                       Hervé This

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A Masa e o Jon, fundadores da Klein Agency, uma agência de designers de Antuérpia, procuram soluções elegantes para as necessidades básicas, seja através do design de interiores ou de móveis, ou na organização e confecção de refeições. Vieram a Lisboa e organizaram dois jantares n’O Apartamento, um espaço onde se pretendem criar sinergias e promover processos criativos. Foi com grande curiosidade que recebi um convite para um dos jantares e com muitas expectativas e interesse que o aceitei.

 

À chegada a O Apartamento a mesa estava posta, a Masa e o Jon preparavam a refeição, mas arranjavam uns minutos para nos vir saudar com um cocktail de champagne, vodka, tomilho e figo.

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O que íamos comer seria surpresa mas tínhamos recebido a lista dos ingredientes:

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Sentámo-nos e os pratos começaram a surgir acompanhados por vinhos de Ricardo Carraça do Santos (Antítese 2012) e Quinta do Carneiro (Pactus - Touriga Nacional 2008 e Pactus - Tinta Barroca 2010).

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red quinoa, black quinoa, kale, shiitake, hog mushroom, avocado, dehydrated shiitake, fleur du sel, black pepper, roe, mushroom broth

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 arugula, lemon, olive oil, honey, tomato, crazy water, green onion, shiso, fish sauce, toasted nori sourdough

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 baby carrots, lime chutney, burnt bread paste, almond milk, olive oil, golden potato, lime, serrano, honey, almond dust

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 salmon, green juice, purple basil

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beef short rib, alicante bouschet, carrot, celery, bay leaf, tomato, white onion, rosemay sherry, vinegar, raddichio, macadamia nuts, fresh pickle, pink peppercorn, ricotta, flour, eggs

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 mascarpone, cream cheese, graham cracker, sugar, heavy cream, togarashi pepper, orange jam, orange charcoal

 

A Masa e o Jon tinham ido escolher e comprar os ingredientes, visitaram lojas, mercados e produtores para os seleccionarem. Prepararam-nos, com base nos seus gostos e memórias gastronómicas, explicaram-nos, serviram-nos. E fui-me lembrando várias vezes da frase com que iniciei este post.

 

Estou numa fase em que valorizo muito o que está por detrás de uma refeição, e que o que vou vendo colide muitas vezes com a minha forma de estar. Gosto de cozinha, do conhecimento e arte associados, da técnica, mas tudo isto nunca atinge um nível superior sem a ética, o envolvimento pessoal e o amor envolvido em todo o processo. Estes são factores diferenciadores, e foram eles que me marcaram mais neste jantar.

 

Mas o prato de cenoura e de salmão não me saem da cabeça, de bons que eram…

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 Primeira foto DAQUI

Grant Achatz muda Alinea para Madrid neste Inverno

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Quem quiser conhecer a cozinha de Grant Achatz durante este Inverno já não precisa ir ao seu famoso Alínea, em Chicago (três estrelas Michelin). É que o famoso chefe norte-americano vai mudar o seu restaurante para o hotel NH Collection Eurobuilding, em Madrid, de 12 de Janeiro a 6 de Fevereiro, apresentando, na primeira semana, jantares a quatro mãos com o também famoso David Muñoz, do três estrelas madrilenho DiverXo, e depois menus especiais com 17 a 20 pratos, 85% novos, 15% clássicos do Alínea.

 

 

Os preços são de 500 euros (mais 10% de IVA) para a primeira semana e 275 euros (mais 10% de IVA) nas seguintes, sem bebidas, e há cerca de 80 lugares por noite, em dois turnos, um às 18.30h, outro às 22.30h. As reservas, em sistema de pré-pagamento, são feitas exclusivamente através deste site, estando já 40% disponíveis. As outras 40% serão abertas em Dezembro e as 20% restantes em Janeiro. A casa original, em Chicago, estará obviamente fechada neste período, e depois fará uma reformulação.

 

 

O alarmismo é que mata

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A noticia de segunda-feira sobre o relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde), que considera as carnes vermelhas processadas como sendo cancerígenas e as não processadas como potenciais causadoras do mesmo problema, caiu que nem uma bomba e, na ânsia de dar a noticia rápida ou de reagir a ela a quente, gerou-se um alarmismo desmesurado. Felizmente, o bom senso acabou por chegar, pelo menos em alguns meios, e, finalmente, lá começaram a sair alguns trabalhos mais esclarecedores.

 

Entre o que li o que mais me ajudou a esclarecer foi a newsletter de José Manuel Fernandes, no Observador, que reproduzo abaixo. Contudo, achei por bem ainda reproduzir estes dois parágrafos abaixo de outro artigo,  desta vez, do Público, sobre a reacção da Direcção-Geral da Saúde, que me pareceu bem sensata. Sim, comer bacon de manhã à noite não fazer nada bem. 

 

 

Do Público ("Mais do que taxar carnes, deve estimular-se o consumo de vegetais"): 

 

"Reagindo ao relatório da OMS, o Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável, da Direcção-Geral da Saúde, informa no seu blogue (Nutrimento.pt) que as orientações “não são novas e estão de acordo com o preconizado pelas recomendações nacionais na área e até, de certa forma, pelas recomendações inscritas na Roda dos Alimentos Portuguesa”.

 

Ressalva-se, contudo, que a carne “continua a ser considerada um alimento importante para ser incluído moderadamente na dieta humana pelo seu elevado valor proteico, vitamínico e mineral”. Acrescenta-se que consumir diariamente “alimentos protectores” é fundamental para reduzir o risco de cancro do colón associado ao consumo de carne processada, como são a fruta e hortícolas em quantidade de pelo menos 400g diariamente, ou seja, duas sopas de hortícolas e três peças de fruta diariamente, para além do consumo de cereais integrais."

 

Do Observador (parte da newsletter Macroscópio de José Manuel Fernandes): 

 

"O cancro é uma doença muito séria. Tão séria que Manuel Sobrinho Simões, director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto e um dos cientistas portugueses que mais se destacou nesta área, tem repetido que “daqui a dez anos, um em cada dois portugueses terá pelo menos um cancro”. Por isso compreende-se a comoção que rodeou a divulgação de um relatório da Organização Mundial de Saúde em que se considerava que as “carnes tratadas” são cancerígenas e as “carnes vermelhas” potencialmente cancerígenas. A pergunta que muitos fizeram de imediato – até porque houve quem fizesse a comparação – foi a se, um dia, não acabaríamos a tratar os presuntos, as salsichas, até os bifes grelhados como hoje tratamos o tabaco. Felizmente não é assim.

Ainda ontem, a Vera Novais, aqui do Observador, passou o dia a falar com especialistas e o resultado foi um Explicador que recomendo vivamente: Temos mesmo de deixar de comer carne?A verdade é que não temos. Nesse texto elencam-se 11 questões de interesse público – Quais são os riscos de desenvolver cancro devido ao consumo de carne (vermelha e processada)?De que grau de risco estamos de facto a falar?O que são carnes vermelhas e carnes processadas?Cozinhar a comida pode aumentar o risco de se tornar cancerígena?Devemos deixar de consumir carne?Se não comer carne deixo de ter risco de contrair cancro colorretal?Os portugueses andam a abusar dos enchidos e carnes vermelhas? e De que forma o cancro colorretal afeta a população portuguesa? De todas as respostas, selecciono apenas esta esclarecedora passagem:
Nuno Miranda, diretor do Programa para as Doenças Oncológicas da Direção-Geral de Saúde, acrescenta que o consumo de carne vermelha também tem as suas vantagens, porque a carne é fonte de vitamina B12, ferro e zinco, conforme disse ao Observador. Mas aconselha o consumo moderado de carnes vermelhas e processadas e que, sempre que possível, sejam substituídas por carnes brancas ou peixe.

O El Pais também fez um texto de perguntas e respostas num registo próximo deste do Observador – ¿Qué es la carne procesada? Preguntas y respuestas sobre el estudio de la OMS y sus implicaciones para la salud – e que chega, no essencial, às mesmas conclusões, mesmo que focando-se mais nas carnes processadas, ou não fosse o “jamon ibérico” uma imagem de marca de “nuestros hermanos”. Eis como respondem à questão ¿Las hamburguesas son tan malas como el tabaco?: “No. El IARC realiza estudios monográficos sobre diversas sustancias para determinar cómo de directa es su asociación con la incidencia de ciertos cánceres. Estas sustancias quedan agrupadas en diferentes categorías en función del nivel de certeza de que esa sustancia esté directamente relacionada con una mayor incidencia del cáncer. Que la carne procesada y el tabaco estén en el mismo grupo no quiere decir que uno y otro sean igual de malos (el tabaco aumenta mucho más el riesgo de cáncer) sino que en los dos casos la OMS considera probada la relación entre su consumo y el mayor riesgo de cáncer.”

Se assim é, não deveria a Organização Mundial de Saúde ter mais cuidado com a forma como divulga os seus estudos e alertas? É precisamente essa a opinião da americana The Atlantic que se empenha a demonstrar que “A new ruling on processed meat shows how confusing the organization’s classification scheme is—again.” Nesse artigo recorda-se que a classificação da OMS apenas considera cinco categorias, que vão daquela onde se arrumam os produtos que podem comprovadamente provocar o cancro, como o tabaco, o amianto e agora também as carnes processadas, à que reúne todas aquelas onde não é conhecida nenhuma evidência de efeito cancerígeno. Ora é precisamente este tipo de arrumação que a revista considera errado:
Here’s the thing: These classifications are based on strength of evidence not degree of risk. Two risk factors could be slotted in the same category if one tripled the risk of cancer and the other increased it by a small fraction. They could also be classified similarly even if one causes many more types of cancers than the other, if it affects a greater swath of the population, and if it actually causes more cancers. So these classifications are not meant to convey how dangerous something is, just how certain we are that something is dangerous. But they’re presented with language that completely obfuscates that distinction.

Lido tudo isto, e um pouco mais que fui encontrando por aí, fortaleci a minha convicção de que continuarei a comer carnes vermelhas e, também, carnes processadas. Com conta, peso e medida, mas sem proibições. "

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Quanto a mim, vou continuar a fazer o que tenho feito (pelo menos) nos últimos 10/15 anos: a comer um pouco de tudo. Mais hortaliças, frutas e leguminosas, peixe, lácteos, carnes brancas e carnes vermelhas (por esta ordem de importância. Ok e algumas merdas açucaradas, vicio obliged). De preferência (mas não exclusivamente) de origem biológica e, com algumas excepções (alguns enchidos, claro), não processadas.  

 

 

 

Leonardo Pereira deixa Areias do Seixo

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A notícia já circulava em "off" há algum tempo mas agora tem o carimbo oficial: após este fim-de-semana, o chef Leonardo Pereira deixará o restaurante do Hotel Areias do Seixo, em Santa Cruz (Torres Vedras), onde liderou a cozinha no último ano.

 

 

Segundo o ex-cozinheiro do Noma, trata-se do fechar de um ciclo: "foi um ano de aprendizagem muito bom em muitos aspectos: tanto na gestão do restaurante, como na criatividade. Experimentei trabalhar num hotel fantástico com uma boa clientela. Porém, para o meu carácter não é o local adequado para prosseguir, porque  não me permite explanar todas as minhas ideias".

 

Leonardo Pereira tinha noção que um local com estas características obrigava uma série de limitações, todavia salienta a importância de ter dado esse passo. “Já sabia ao que vinha, quais eram as circunstâncias, a filosofia e o conceito do hotel. Porém, foi melhor do que me lançar no escuro, a solo sem saber o que ia apanhar". O chef português, de 30 anos, deixou o país aos 19 e esta foi a sua primeira experiência a sério à frente de um restaurante. Por isso, reconhece que se tratou de uma rampa de lançamento e que agora se sente pronto (ele a sua mulher Kiki, canadiana de ascendência tailandesa - também cozinheira e companheira nesta aventura) para "assumir outro papel, noutro contexto", até porque sente que há um público mais alargado a que não conseguiu chegar. 

 

Com ele sai também toda a equipa. O chefe de Santa Maria da Feira espera um dia voltar a reunir toda ou parte dela, quem viveu intensamente este último ano. Por agora sente-se feliz por ter conseguido colocar os seus cozinheiros em vários lugares do mundo  - do Climpson's Arch, em Londres, onde Leandro Carreira começa por estes dias um período de residência, ao Borago de Rudolfo Guzmàn, em Santiago do Chile. 

 

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Quanto ao futuro, "passará por abrir um restaurante em Lisboa ou no Porto" e só se tal não for possível é que admite ir para fora. "Mas só se falharem estas hipóteses", afirma. Para já, a curto prazo tem a agenda preenchida, entre pop ups, congressos e festivais. "Vou uma semana cozinhar numa escola de hotelaria no Canada". Depois segue-se a Tailândia onde conta fazer uma espécie de "East meets West" em Chiang Mai, no norte do país. Já no inicio do ano espera-o um festival de gastronomia no norte de Itália e, logo após, o Madrid Fusión, onde vai a convite do próprio presidente do congresso, José Carlos Capel (que o visitou em Santa Cruz e que ficou fascinado com a sua cozinha, ao ponto de a ter classificado de "rompedora").

 

De seguida, conta que ainda tem um evento importante em Itália, e que após esse compromisso quer ter um período livre para fazer alguns estágios "não tanto em restaurantes, mas para conhecer melhor os produtos, como por exemplos os citrinos, no Alentejo, ou certos produtos nos Açores". A sua agenda termina com um período de residência em Inglaterra, "no Carousel, em Londres, de 3 a 15 de Maio, creio". Isto se não aparecer algo pelo meio pois tem andado em conversações e mostra-se bastante confiante em relação ao futuro.  

 

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Ex-Noma Leonardo Pereira (Areias do Seixo) com almoço pop up em Lisboa

 

Fotos: Paulo Barata

 

40 Restaurantes de Norte a Sul do País, por 20 chefes, na Fugas

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No especial gastronomia do Fugas deste sábado (jornal Público) 20 chefes escolhem 40 restaurantes de Norte a Sul de Portugal (incluindo ilhas): do Retiro da Manhosa (Viseu) à Cevicheria (Lisboa), do Ichiban (Porto) ao Mané Cigano (Ponta Delgada). Gostei muito de fazer este trabalho juntamente com o José Augusto Moreira, fotos de Rui Gaudêncio, e,também, de Diogo Baptista, Vasco Célio, Gregório Cunha e Rui Soares.

 

 

Captura de ecrã 2015-11-1, às 14.16.31.png

Porém, gostei mais ainda de ver o empenho que o jornal colocou neste trabalho em termos de edição online (com grande méritos para a direcção de arte de Sónia Matos). Ora confirem lá, aqui

 

 

Sá Pessoa abre Alma e volta à alta cozinha

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Demorou muito tempo, demasiado tempo, mas neste sábado abre finalmente ao público o novo Alma, de Henrique Sá Pessoa, em pleno Chiado. É um dos projectos que aguardo com mais expectativas, quer por este jantar "Origens" de que aqui falei quer por um outro óptimo jantar que lá tive no período de pré-abertura quer ainda por considerar que Sá Pessoa é um dos mais interessantes e bem preparados chefes portugueses da sua geração.

 

 

“Sinto que estou a voltar a jogar na alta cozinha, a elevar a fasquia”, disse o chefe ao Mesa Marcada, num bom sinal de maturidade e de honestidade consigo próprio, admitindo que nos últimos tempos do antigo Alma, em Santos-o-Velho, não estava a evoluir como queria e que, evidentemente, os seus projectos no Cais da Pedra e no Mercado da Ribeira, apesar de muito válidos, são de outra natureza.

 

FullSizeRender (1).jpgO salmonete com molho de caldeirada, provado no jantar "Origens". (Foto: Miguel Pires)

 

Após ano e meio de obras e de problemas vários, o novo Alma apresenta cerca de 50 lugares num espaço extremamente bonito e acolhedor, com 10 pessoas na cozinha e nove na sala, onde está o escanção Rodolfo Tristão. “Nas primeiras duas ou três semanas, vamos abrir só para jantar, mas depois a ideia é também dar almoços. E ficamos abertos ao domingo, só fechamos à segunda-feira, uma aposta num dia de descanso diferente”, afirma Sá Pessoa, que, além dos pratos à la carte, apresentará um menu degustação de cinco pratos por 75/80 euros e dois menus fixos de três pratos por 55/60 euros.

 

“Nesta fase, prefiro fazer menus mais curtos, não quero sobrecarregar os clientes com muitos pratos. Depois, daqui a um ano ou dois, logo se vê. Para já, terei uma mesa do chefe, onde poderei, a pedido, fazer menus mais extensos”, conta o chefe do Alma, que acrescenta que pretende “mexer na carta” com alguma frequência – “não quero que o restaurante seja só para ocasiões especiais, quero que as pessoas venham cá muitas vezes para provar pratos diferentes”. A localização no Chiado também é destacada, nomeadamente por, ao contrário do antigo restaurante, estar numa zona turística, alargando o mercado.

 

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 "Amuse bouche" servidos num jantar de pré-abertura. Aqueles macarons de foie gras com cacau foram das melhores coisas que provei ultimamente. (Foto: Miguel Pires)

 

Henrique Sá Pessoa parece respirar entusiasmo quando fala nesta sua volta à alta cozinha depois de um longo interregno. “O que mais me interessa é ter um lugar onde sinto que posso evoluir. Tenho um parceiro que não só me dá apoio financeiro como sabe de gestão. Assim, posso concentrar-me naquilo que acho que faço melhor, que é cozinhar. Nem sempre os bons cozinheiros dão bons gestores…”, admite. Mais um sinal de maturidade.

 

Morada: Rua da Anchieta, 15, tel. 213 470 650. Fecha à segunda-feira

 

Nota: Fotografia de abertura de Paulo Barata

 


Um taberneiro molecular

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Fui lá pelos cogumelos, já pela segunda vez neste Outono, mas o que mais me impressionou foi um pequeníssimo detalhe num prato que não os levava. Como primeira entrada, André Magalhães (na foto) serviu umas óptimas amêijoas orientais hokkigai (que não conhecia, também chamadas surf clams) com um  excelente contributo cítrico conferido por umas esferificações de yuzu, muito bem feitas, a explodir na boca como é devido, cheias de sabor. Admito que é um exagero meu, que outras pessoas não ligarão nenhuma a este pormenor, mas como desde há anos que oiço que a chamada “cozinha molecular” foi uma moda que passou, gosto de ver que numa cozinha com a da Taberna da Rua das Flores, sem nenhumas pretensões vanguardistas, a técnica da esferificação é usada com a mesma naturalidade com que se poderia cortar um yuzu de alguma maneira ou simplesmente espremido. E com um resultado muito bom, com todo o sentido gastronómico, sem qualquer exibicionismo.

 

ameijoasJapMM.jpgAmêijoas hokkigai com o "caviar" de yuzu, que se vê bem no canto superior esquerdo

 

Quanto aos cogumelos, havia amanitas e boletos, os primeiros servidos em cru (também já os tinha provado no Chapitô, pela mão de Bertílio Gomes, outro local de excepção em Lisboa para aproveitar a época dos cogumelos) e os segundos simplesmente grelhados na chapa ou numa outra criação de André Magalhães, onde mais uma vez o elemento cítrico é fundamental: boletos em caldo de presunto, com castanhas laminadas e salteadas em manteiga –estaladiças, a contrastar com a maciez dos cogumelos - com um precioso toque de limão que corta a gordura e traz um equilíbrio perfeito ao conjunto. Come-se muito bem nesta taberna.

 

boletosT.jpgBoletos com castanhas

 

Nota: Fotografias de Cristina Gomes

 

Basque Culinary Center, a universidade dos chefes de cozinha (e não só)

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Da vontade de um grupo de chefs bascos “estrelados”, e com o apoio das autoridades nacionais e locais, bem como de empresas privadas, foi possível montar, em 2009, em San Sebastián e em tempo recorde, o Basque Culinary Center, uma faculdade de ciências gastronómicas de excelência. Visitámos o local e falámos ainda com um português que frequentou um dos seus cursos.

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No início deste mês, em San Sebastián, durante um dos mais importantes congressos de cozinha do mundo, o Gastronomika, Joxe Mari Aizega subiu ao palco com um ar visivelmente satisfeito. O caso não era para menos, o Basque Culinary Center, de que é director, acabava de receber a grande homenagem do congresso, “como exemplo mundial em termos de formação gastronómica multidisciplinar”.

 

Ao receber o prémio, Aizega recordou quando, em 2008, lhe vieram falar de um grupo de sete cozinheiros bascos (que representavam um total de 15 estrelas Michelin) que tinha a ideia de fazer uma escola superior de cozinha. Por um lado, procuravam o reconhecimento social de uma profissão, cujos principais actores locais tinham ajudado a projectar mundialmente a região; por outro lado, sentiam a necessidade de terem profissionais a trabalhar com uma formação mais completa. “O que achas?”, perguntaram a Aizega, académico, que fora vice-reitor da local Universidade de Madragon, onde esta faculdade acabaria por se integrar.

 

Passado pouco tempo estava a liderar uma equipa que, com o apoio das instituições públicas (nacionais e locais), empresas privadas e um grupo invejável de chefs de topo mundiais (de Juan Mari Arzak a Ferran Adrià, passando por René Redzepi, Joan Roca ou Michel Bras, entre outros) edificou, em tempo recorde, um modelo, estatutos, corpo docente e um moderno edifício de raiz. Estava então criado o Basque Culinary Center (BCC), a primeira escola de estudos superiores da Europa (e uma das raras do mundo) dedicada integralmente às ciências gastronómicas.

 

São 10h da manhã quando nos aproximamos de Miramón, no sul da cidade. À medida que abandonamos a zona mais urbana de San Sebastián, a paisagem ganha outros tons mais bucólicos, com campos verdes e vivendas familiares. A paragem onde saímos, a meia dúzia de metros do destino, continua a ser uma zona de habitação unifamiliar, pelo que não se imagina que, ao virar da rua, nos vamos deparar com o imponente edifício moderno de linhas curvas do BCC, cujo exterior simula uma pilha de pratos empilhados — num projecto muito bem conseguido dos jovens arquitectos bascos do atelier Vaumm .

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Joxe Mari Aizega recebe-nos no seu gabinete. Tem uma imagem ampliada de uma sobremesa tirada pelo fotógrafo brasileiro Sérgio Coimbra. “É mais pacífico do que se fosse um prato de um chef de cozinha apenas”, ri-se o director.

 

Aizega explica que neste momento frequentam a escola cerca de 400 alunos de 25 nacionalidades diferentes, sendo que os estrangeiros (que representam 25%) vêm, sobretudo, de países latino-americanos, dado que, para terem acesso, os candidatos têm de dominar a língua espanhola (além da inglesa). O grau de licenciatura em Gastronomia e Artes Culinárias dura quatro anos e tem um custo anual de 8720 euros, o que representa um cerca de 35.000 euros, em termos globais — um terço do custo da licenciatura no CIA, a escola americana de cozinha que é uma das grandes referências mundiais.

 

O curso tem uma componente de ordem teórica, como qualquer outro universitário, com cadeiras como Psicologia, Economia, Estatística ou Marketing. Porém, como seria de esperar, os alunos passam grande parte do seu tempo em aulas práticas onde aprendem e desenvolvem as suas capacidades em situações de trabalho real, que tanto podem ser nos restaurantes da faculdade como em actividades em que criam e geram os seus próprios eventos.

 

Aizega leva-nos de visita pelas instalações. Numa das cozinhas — com equipamento de fazer inveja a muitos restaurantes de topo — um grupo de doze alunos do terceiro ano prepara o seu projecto experimental, um pop-up multissensorial, que será avaliado pelos clientes (neste caso, professores e profissionais da área convidados). O grupo tem de pensar em todos os pormenores, desde o conceito à decoração do espaço e, no fim, terá de elaborar um relatório sobre o que correu bem, o que correu mal, o que aprendeu e o que deverá melhorar no futuro. Um dos alunos explica-nos, por exemplo, que vão apresentar um prato branco elaborado só com ingredientes dessa cor, acompanhado de sons, num ambiente iluminado apenas com luzes negras.  A ideia “é jogar com todos os sentidos”, diz-nos.

 

O modelo educativo do curso assenta em três pilares: formação interdisciplinar, aprender fazendo (práticas e projectos reais), desenvolvimento pessoal e trabalho em equipa. “Nos dois primeiros anos, todos fazem um pouco de tudo. No terceiro escolhem uma especialidade e no quarto ano aprofundam os estudos nessa área”, refere o director. Vanguarda, Negócio e Empreendedorismo e Indústria são as três áreas de especialidade, sendo as duas primeiras as mais escolhidas. Este ano, em Julho, saiu o primeiro grupo de 59 licenciados, dos 69 que iniciaram o curso em Outubro de 2011. Segundo Aizega, o grau de empregabilidade é elevado e este grupo está actualmente espalhado um pouco por todo o lado: “Em restaurantes, hotéis, indústria agro-alimentar, empresas de eventos turísticos, na Bullipedia (centro de pesquisa gastronómica liderado por Ferran Adrià) ou a abrir novos negócios.”

 

Além da licenciatura, o Basque Culinary  Center, criou um Centro de Investigação e Inovação em Alimentação e Gastronomia e desenvolve ainda um conjunto vasto de mestrados, cursos de especialização para profissionais e seminários — em áreas como Gestão e Tendências; Sala e Serviço; Vinhos, Cozinha, Produto e Técnica — e ainda Master Classes com chefs de renome (por exemplo, está programado para breve uma sessão de cozinha peruana com o chef Virgílio Martinez, do restaurante Central, em Lima — actualmente o número 4.º do mundo da lista do W50Best).

 

Um português no BCC

 

Quem passou por um dos masters foi o português Nuno Goucha. A viver em Madrid desde 2003, para onde foi como técnico de marketing de uma empresa espanhola, Goucha queria mudar de vida. Tinha paixão pela cozinha e pensou que podia fazer algo nessa área, nomeadamente abrir um restaurante. Porém, antes de o fazer percebeu que tinha de adquirir conhecimentos na matéria e, por isso, resolveu candidatar-se ao Master em Gestão e Inovação de Restaurantes do BCC. Conta-nos que “para entrar o candidato tem de enviar uma carta de motivação,  ter um negócio que quer melhorar ou, pelo menos, uma ideia para montar o negócio”, como era o seu caso.

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Conseguiu ingressar e, durante nove meses, entre finais de Setembro de 2013 e Junho de 2014, todos os domingos à tarde passou a fazer o percurso de seis horas de autocarro entre Madrid e San Sebastián. “Tinha aulas à segunda e terça-feira, todo o dia — das 9h às 18h — e regressava na terça-feira à noite para Madrid, de novo de autocarro”, conta. Ao todo, estima que terá investido 14.000 euros: 7500 euros do curso e o restante em viagens, estadia e alimentação. “Em Madrid teria custado, no mínimo uns 25.000 euros”, afirma.

 

Goucha explica que ao longo do master tem que se construir o projecto proposto por módulos (marketing, comunicação, produção, finanças, logística, recursos humanos). Em Fevereiro teve de apresentar o primeiro draft e em Junho o projecto final. “É um master muito prático e exigente. Se não se trabalhar não se consegue chegar ao fim e montar o business plan”, comenta.

 

O português confessa que ia receoso porque há muitos destes cursos que “são uma fantochada”. Porém, as expectativas foram ultrapassadas graças aos profissionais com que se cruzou: “ Gente altamente profissional” que “está na crista da onda” e que “tem paixão”.

 

Nuno Goucha levou finalmente os conhecimentos à prática e abriu, em Setembro último,  em Madrid, o Atlantik Corner, um restaurante de cozinha atlântica de inspiração portuguesa, com um toque contemporâneo (o nome teve mais a ver com questões de registo do que outra coisa). Quando lhe perguntamos se o curso foi fundamental para essa concretização, responde que sim, que de outra forma não teria sido possível montar o projecto em apenas dois meses. “É que, além dos conhecimentos que o curso passa, há toda uma rede de contactos importantes que se estabelecem.” Conta ainda que se não tivesse passado por ali “teria sido uma loucura abrir um restaurante”. O ramo negocial é complexo e a gestão “é cada vez mais importante, dado que este é um negócio de cêntimos”.

 

Nuno não conseguiu atrair cozinheiros portugueses para o restaurante e acabou por contratar um galego, o que acaba por se enquadrar no projecto. Quando a ideia surgiu queria abrir um conceito que fosse flexível. “Se falo de Atlântico, posso falar de Portugal, mas também da Galiza, do Brasil, ou de África. É mais abrangente e rico e se desse errado poderia sempre adaptar-se.”  Nos cerca de dois meses que leva aberto, já recebeu vários elogios da imprensa local, que o deixam contente, mesmo que não esteja ainda totalmente satisfeito com a textura do bacalhau à Brás do seu cozinheiro galego.

 

Contactos

Basque Culinary Center
Paseo Juan Avelino Barriola, 101 20009 San Sebastián, Espanha
Tel.: +34 902 540 866; Email: curso@bculinary.com; www.bculinary.com

 

Restaurante Atlantik Corner
Calle Ventura de la Vega 11 y 13, Madrid; Tel: +34 910 71 72 45; Email:ngoucha@atlantikcorner.com

 

Texto publicado originalmente na Fugas especial Gastronomia do Público de 31 de Outubro  

Nuno Mendes anuncia reabertura do Viajante, em Londres, e convida clientes a investirem no restaurante

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"Esta é uma grande oportunidade para os investidores fazerem parte de algo especial: estar próximo do Nuno e das suas extraordinárias capacidades, já que procura derrubar as barreiras do fine dining e abrir as portas às pessoas que mais importância têm para ele - os seus clientes."

 

Este parágrafo faz parte da introdução da angariação de investidores para a reabertura do Viajante, em Londres, disponível na plataforma de crowdfundingSeedrs.com. Nesta página, o projecto é explicado de forma incisiva e ao detalhe, inclusive as ambições: "Nuno planeia criar um restaurante que seja internacionalmente reconhecido com múltiplas estrelas Michelin e um lugar na lista da San Pellegrino’s World’s Best Restaurants", lê-se. 

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Esta manhã no twitter Nuno Mendes anunciava a novidade num post que está a despertar a atenção do meio: "Queridos Amigos, O Viajante vai reabrir em Wapping e gostaríamos que fizessem parte dele".

 

Segundo o documento, o restaurante estará localizado no Metropolitan Wharf, em frente ao rio (Tamisa), num armazém vitoriano recuperado, em Wapping, próximo da City e da Torre de Londres - na zona Leste da capital inglesa, como  todos os seus projectos pessoais na cidade.

 

Ainda segundo a informação disponibilizada no site, o restaurante terá 66 lugares - 38 na sala principal, 12 na mesa do chef e 16 numa sala privada -  e estará aberto de 2.ª a Domingo para almoços e de 2.ª a Sábado ao jantar. Tal como nos tempos do primeiro Viajante não haverá serviço à carta mas apenas menu, que será um único à noite, enquanto ao almoço terá igualmente uma versão reduzida. Os promotores estimam ainda o ticket médio por pessoa ande na casa dos 50-60 libras (70-85 euros) ao almoço e 120-140 libras (170-198 euros) ao jantar.

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O Viajante pretende ainda servir como uma plataforma para cozinheiros com potencial (rising chefs) aprenderem e explorarem novas técnicas, bem como local de acolhimento de renomados chefes mundiais para jantares especiais como os que Nuno acolheu no passado, em que recebeu chefes como Massimo Bottura, Quique Dacosta, Gastón Acurio, Eneko Atxa, entre outros.  

 

 

 A abertura do novo Viajante, previsto para 2016, não implicará a saída de Nuno Mendes dos projectos a que está ligado, como é o caso dos bem sucedidos Chiltern Firehouse e Taberna do Mercado, onde o chef se encontrou com a cozinha portuguesa.   

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Ao recorrer a esta a esta plataforma de crowdfunding (pouco habitual, embora não seja inédita, em restaurantes) o português espera angariar, ao longo de 60 dias, 1.750.000 libras, o que corresponde a um terço da sociedade. O limite mínimo para participar são 10 libras sendo que a partir das 10 mil libras está previsto um conjunto de regalias, que vai desde a prioridade na reserva de mesa nos três primeiros meses, até um almoço para 12 pessoas servido pessoalmente pelo chef. Até ao final desta primeira manhã em que o apelo foi lançado, já tinham sido angariados cerca de 70 mil libras (4% do investimento).

 

Posts sobre Nuno Mendes no Mesa Marcada:

 

 

Nuno Mendes e José Avillez na capa da revista da British Airways

Em Londres, na Taberna do Mercado de Nuno Mendes

Em Londres no Chiltern Firehouse de Nuno Mendes

Nuno Mendes sai do Viajante. E o Viajante sai de Nuno Mendes?

Em Londres no Craft by Nuno Mendes

Nuno Mendes recebe 4 "world class chefs" em Londres e dá as honras de abertura a José Avillez

Restaurante Viajante (Londres)

 

Novo Pêra-Manca aumenta de preço em 50% e traz sistema de segurança contra falsificações

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PeraManca2011.jpgSerá que eu daria 150 euros por uma garrafa de Pêra-Manca 2011? Ou mesmo mais, bastante mais, sabendo que nas lojas o preço deste prestigiado tinto alentejano aumenta rapidamente. Estava a pensar nisso quando o provei ontem durante o lançamento que a Fundação Eugénio de Almeida (doravante FEA) promoveu na sua histórica Adega da Cartuxa, em Évora, para a Comunicação Social. Estávamos a almoçar, já tínhamos bebido outros vinhos do produtor, e o vinho soube-me muitíssimo bem, com uma “frescura” - como foi evidenciado pelo enólogo Pedro Baptista – inesperada para um vinho com 15% de álcool, de uma terra conhecida por vinhos algo pesados e ainda relativamente recente, apesar de ter sido deixado em 18 meses em tonéis de carvalho francês e depois em garrafa, antes de ser posto agora no mercado. E 2011 foi um ano excepcional, para alguns o melhor das últimas décadas, um pouco por todo o país.

 

Já vou responder à pergunta inicial, mas antes deve ser realçado que o Pêra-Manca 2011, além de um preço que sobe 50% em relação à colheita anterior, de 2010, comercializada com um preço de referência de 100 euros, tem como novidade vir com um “selo de autenticidade”, uma fita na base do gargalo com um holograma e um código único que pode ser validado no site da FEA. Algo de inovador em Portugal, desenvolvido em conjunto com a Casa da Moeda, para prevenir as muitas falsificações de que o Pêra-Manca tem sido alvo, segundo informação da ASAE, cujo destino têm sido sobretudo dois dos principais mercados deste tinto alentejano, Angola e Brasil.

 

Na apresentação, o Director Comercial da FEA, José Mateus Ginó, explicou que a fundação não tem noção exacta de quantas são as contrafacções, mas terão sido em número suficiente para justificar o investimento neste sistema de segurança. Mas terá sido por isso que o vinho aumentou tanto de preço? O mesmo responsável diz que não, trata-se antes de garantir à FEA uma maior margem no preço final a que o Pêra-Manca é por vezes vendido, beneficiando sobretudo os comerciantes. Ao que parece, estes não estão a “retaliar” e o vinho continua a ser cobiçado como de costume. E há menos garrafas da colheita de 2011 do que é habitual, pouco mais do que 30 mil.

 

Vamos ver como o mercado reage, porque é aí que se vê se um vinho é “caro” ou não. É claro que os críticos de vinho (algo que, como é óbvio, nunca fui nem nunca serei) terão que ter o preço em conta quando fazem as suas avaliações e recomendações, mas, em última análise, se há quem dê um certo montante por um vinho, não vejo razões para que o produtor o baixe. Claro que o contrário também deveria ocorrer, baixar o preço se o vinho não tiver saída, porém é algo que nem sempre acontece.

 

Mas eu daria ou não os tais 150 euros pela garrafa? Daria sim senhor. Para uma ocasião especial, evidentemente, provavelmente numa “compra de impulso”, que são sempre as melhores. Não só pelo vinho em si, mas também pela simpatia que tenho pelo produtor, o qual, desde que a Fundação foi criada (no magnífico ano de 1963, por acaso aquele em que eu também nasci…), tem desenvolvido um extraordinário trabalho social e de preservação do património histórico de Évora, inicialmente pela mão do conde de Vilalva, Vasco Maria Eugénio de Almeida (1913-1975), e que em muito contribuiu para que esta cidade alentejana tenha sido declarada Património da Humanidade pela Unesco.

 

Aliás, esta apresentação teve início justamente na sede da FEA , o belíssimo Paço dos Condes de Basto (na foto), em pleno centro histórico de Évora, cuja visita guiada recomendo vivamente. Fomos depois à moderna adega do Monte Pinheiros, onde são feitos os vinhos da FEA (actualmente,  a Adega da Cartuxa é só utilizada para estágio dos vinhos), e que vai ter já na próxima vindima, se tudo correr como previsto, uma “irmã” ainda maior, que está em construção mesmo ali ao lado, para os vinhos mais correntes.

 

Uma prova de como o vinho, que actualmente representa cerca de 80% das receitas da Fundação (o azeite, que inclui a conhecida marca Cartuxa, contribui já com uns 10%), foi uma aposta certeiríssima, quando a FEA por aí enveredou nos anos 80. O objectivo é aumentar a produção, também com o plantio de novas vinhas, que hoje já ocupam 600 hectares. Uma história de êxito que vale a pena conhecer, mesmo que achemos que o Pêra-Manca um pouco caro de mais…

 

 

Pub grátis: Uma estrela não significa nada

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David Muñoz causou sensação em 2013 ao receber a sua terceira estrela Michelin no DiverXo, em Madrid, sobretudo, por não ser hábito o guia vermelho dar a sua mais alta distinção de forma tão rápida a um restaurante muito pouco convencional. Por isso, não deixa de ser estranho ver Muñoz neste  anúncio afirmar que uma estrela não significa nada...até que lhe tirem uma. 

Miguel Castro e Silva abre Less no Príncipe Real

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 O Less vai partilhar o espaço com o bar dos Gin Lovers

 

Um tártaro de carapau que impressionou até chefes com o estatuto de Olivier Roellinger, risotos, como o de limão, extraordinário de leveza e subtileza, bacalhau cozinhado a baixa temperatura, a própria utilização do vácuo, de que foi um dos pioneiros em Portugal, morcelas da Guarda a escandalizarem a “alta cozinha”, o conceito de petiscos portugueses ainda nos tempos do Bull & Bear, no Porto, o restaurante que lhe deu fama, ou, ainda no início dos anos 90, junto com Dirk Niepoort, a organização de algo que então soava estranho: “jantares vínicos”… A vantagem de já se ser “velhote” e ter uma longa e rica carreira é que hoje, aos 54 anos, Miguel Castro e Silva consegue apresentar uma nova carta com a segurança de quem pensa e testa certos pratos há muitos anos. Como aquela que, a partir de amanhã estreia no Less, o novo restaurante do espaço Embaixada, no Príncipe Real, uma das zonas de Lisboa que mais tem “mexido” em termos de restaurantes nos últimos tempos (ver final deste post), que vem substituir o Le Jardin, e que convive com o bar dos sempre dinâmicos Gin Lovers.

 Miguel Castro e Silva

 

“Um dos desafios foi realmente encontrar pratos que se adequassem a este espaço, que tem também características de bar. Mas vai ser um restaurante normal, com mesas postas e serviço de mesa, e além do gin temos outras bebidas, incluindo vinhos a copo ou em garrafa”, garante Miguel Castro e Silva ao Mesa Marcada. “A principal diferença é que todos os pratos podem ser partilhados, pelo menos por duas pessoas, a preços que variam entre 6,5 e os 11 euros, fugindo à divisão tradicional de entradas e pratos principais, é mais entre frios e quentes. E com dois ou três pratos faz-se uma refeição”, acrescenta.

 

 Tártaro de corvina e abacate com leite de açafroa

 

Já falámos do pioneirismo dos tártaros de peixe (incluindo de um tão subvalorizado como o carapau) e esta característica da cozinha do chefe vai estar bem patente no Less com um de corvina com abacate, outro de atum com tomate-cereja e ainda outro de salmão com maçã verde. Ou robalo marinado com risoto de limão e ovas de truta ou o risoto de boletus com pancetta crocante. Ou pratos que lembram outras cozinhas como o ravioli de abóbora assada (“ando a aperfeiçoá-lo há mais de dez anos…”, confessa Castro e Silva) ou outro ravioli de porco preto, a lembrar os gyozas orientais. Ou ainda um parmentier trufado com gema de ovo a baixa temperatura e parmesão, umas vieiras com pimenta rosa ou bacalhau fresco com vinho do Porto e miso. Nas sobremesas, mais simplicidade numa mousse de chocolate, tarte de requeijão, sopa de frutos vermelhos ou madalenas.

 

 Ravioli de abóbora assada com amêndoas

 

“Sempre gostei de fazer este tipo de cozinha, que é bastante diferente da do De Castro (o restaurante “familiar” do chefe na Praça das Flores, onde se nota uma componente mais acentuada de ligação às memórias da cozinha portuguesa, outra das características do seu estilo) e já há uns meses que procurava um lugar onde a praticar”, diz Miguel Castro e Silva. “Acho que aqui tenho boas condições de o fazer, com uma equipa de cinco elementos, recuperando receitas em que fui pensando ao longo dos anos, aperfeiçoando umas, criando outras”, conclui.

 

O Less, nome que ocorreu ao chefe a partir da expressão inglesa “less is more”, tem 30 lugares e funciona todos os dias das 12h às 23.30h, com cozinha sempre aberta. Praça do Príncipe Real, 26, tel. 213 471 341.

 

Risoto de boletus com pancetta crocante e shitakes salteados

 

Entretanto, a zona do Príncipe Real e adjacências está em plena efervescência com fechos e aberturas. Como já se disse, fechou o Le Jardin, mas também o Ucharia, na mesma praça. Mais para os lados do Largo do Rato, na Rua da Escola Politécnica, fechou a Rota das Sedas e está anunciada a abertura de um Yakuza, restaurante japonês do grupo de Olivier Costa. Na mesma rua, mas mais para o Príncipe Real, o grupo Multifood (Vitaminas, Honorato, Cais da Pedra, Sala de Corte, Alma, Delidelux) deverá abrir uma pizzeria de “luxo” onde antes estava a pastelaria Poison d’Amour e algo que ainda não se sabe o que será onde antes estava o El Tomate, que fechou em Agosto. Passando a praça, na Rua da Rosa, quase na esquina com a Rua D. Pedro V, abriu há poucos dias o Clandestino, com tacos e ceviches, e, mesmo ao lado, Kiko Martins (O Talho, Cevicheria) tem em obras o espaço do seu novo restaurante. Vamos ver quando estará pronto, mas adivinha-se uma coisa à séria.

 

Fotografias: Jorge Simão

 

Alta cozinha e muito mais

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 Jantar com peixes menos nobres e muito champagne. Há apenas 25 lugares disponíveis, a 140 euros por pessoa, com bebidas incluídas. E não fazem por menos, só champagne, das marcas Philipe Gonet, Jeroboam Maison e Bertrand Devavry. Trata-se do jantar Mar Adentro, que se realiza neste sábado no Vista, restaurante do hotel Bela Vista (Praia da Rocha, Portimão) visando promover a sustentabilidade das pescas, um tema muito actual, apresentando pratos com peixes considerados menos nobres, mas que certamente serão valorizados pelas mãos de uma equipa de chefe de se lhe tirar o chapéu.

 

Começa pelo anfitrião, João Oliveira, de 28 anos (na foto), uma das promessas da nossa cozinha, que durante vários anos foi subchefe de Ricardo Costa, no The Yeatman (Vila Nova de Gaia). Seguem-se Henrique Sá Pessoa, que acaba de reabrir o Alma no Chiado (com grande êxito de público, ao que sei), Leonardo Pereira, que recentemente deixou o Areias do Seixo, para se lançar em nome próprio em breve, Pedro Pena Bastos, do restaurante da alentejana Herdade do Esporão, e Matteo Ferrantino, chefe executivo do Vila Joya. A sobremesa fica a cargo da jovem chefe de pastelaria Maria João Malheiro, a qual, depois de ter trabalhado em Paris com o célebre Alain Passard, foi chefe de pastelaria no Ocean e abriu recentemente a sua própria padaria na região, a Confeitaria de Alvor.

 

O elenco fica completo com Pedro Bastos, que não é cozinheiro mas tem o papel fundamental de fornecer os peixes através da sua Nutrifresco. A organização é da Amuse Bouche, conhecida pelo trabalho desenvolvido com o evento Sangue na Guelra. Para reservar: tel. 282 460 280 ou e-mail restaurante@hotel-belavista.com.

 

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 Trufas brancas é no Ritz. De peixes “menos nobres” vamos agora para um dos maiores símbolos do luxo da alta cozinha, as trufas brancas de Alba (Piemonte), mais precisamente da Tenuta Torrone della Colombara, herdade localizada no coração da província de Vercelli. É de lá que vêm as que experimentei no restaurante Varanda do Ritz Four Seasons, num almoço de divulgação à Comunicação Social, pela mão de Pascal Meynard, um chefe francês que está entre nós há bastantes anos e que julgo um dos melhores profissionais a trabalhar em Lisboa, com uma técnica seguríssima e uma dose apropriada de criatividade. Surgiram à mesa óptimos pratos como tagliolini fresco com boletus e trufa branca (na foto), em que a massa é feita de salsifi, e também risoto Aquarello com girolles e trufa branca e ainda vieiras com trufa branca, couve-flor e fundo de vitela. Sobre as vieiras, que ultimamente costumo evitar de tão sensaboronas e banais que se tornaram por todo o lado, devo dizer que estavam absolutamente espectaculares, um prato que me ficou na memória. O menu custa 135 euros, sem bebidas, e vigora até ao final do mês. Reservas: tel. 213 811 400.

 

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 Eleven, que venham mais 11. E se falamos de alta cozinha e de profissionais experientes com uma sólida base clássica, sem que isso signifique menos criatividade, outra morada obrigatória em Lisboa é o Eleven, do chefe Joachim Koerper, que festejou o 11º aniversário no dia 11/11, com um jantar para 111 convidados. Koerper está cada vez mais jovem e talentoso, feliz com o êxito do seu recém aberto Eleven carioca, já considerado por meios influentes, como a revista Veja (edição Rio de Janeiro), como o melhor da cidade em termos de “alta gastronomia”, batendo nomes consagrados como o Olympe, de Claude e Thomas Troisgros ou Roberta Sudbrack, da chefe de mesmo nome.

 

Quem me deu estas boas notícias foi o excelente escanção Jorge Nunes, que tem acompanhado Koerper nas suas andanças cariocas, vindo especialmente para a ocasião, tal como João Alves, hoje no hotel da Penha Longa, que trabalhou mais de seis anos na cozinha do Eleven e veio dar uma mãozinha nesta festa de aniversário. O jantar foi servido a bom ritmo, com pratos que retratavam um pouco da longa carreira do chefe alemão-luso, começando com carpaccio de gambas do Mediterrâneo com leitão - referência a Moraira, na costa da região de Alicante, onde Koerper esteve 15 anos, conquistando duas estrelas Michelin para o seu Girasol, e a Coimbra, primeiro trabalho do chefe em Portugal, na Quinta das Lágrimas, como consultor, que mereceu uma estrela. A combinação era algo estranha, mas resultou muito bem, até porque eu quis que resultasse.

 

De seguida, um prato Lisboa – Moscovo, sendo que a capital russa foi palco de jantares especiais de Koerper, muito bem sucedidos, com um “clássico” do chefe: robalo com alcachofras e molho de caviar. Suave e reconfortante, com o peixe, no ponto, envolvido num creme rico, que não se sobrepunha. Estava soberbo. Um destaque para as alcachofras na carreira de Koerper. Quando, aos 18 anos, ele ingressou na cozinha do célebre hotel Kempinski, em Berlim, a sua primeira experiência profissional marcante (esteve lá três anos), ficou espantado por ver, pela primeira vez na vida, alcachofras frescas…Outros tempos, quando os produtos não eram tão abundantes nem viajavam com a facilidade de hoje.

 

Depois de caviar, nada como trufas brancas sobre ravioli de mascarpone, com a massa a desintegrar-se na boca como uma nuvem. Outro prato muito bom, que desta vez remetia para Lisboa e Alba, referência obrigatória para quem, como Koerper, trabalhou em Lugano, na Suíça italiana, e viajou muito por Itália. Por fim, a perfeição da receita clássica de cailles sarcophage, celebrizada no filme “A Festa de Babette” (passado na Jutlândia, na Dinamarca), cujos pratos o chefe já reproduziu por diversas ocasiões em Lisboa. Codorniz desossada, suculenta e tenra, massa folhada magnífica, cujo único defeito era ser pouca, não formando o “sarcófago” anunciado, mas com a vantagem de assim o “festim” ter ficado mais leve. Um grande jantar, que entusiasmou os comensais, de um grande chefe com uma grande carreira. E adivinho que ainda virão muitos mais anos desta excelente cozinha, que tanta falta nos faz.

 

Foie gras democratizado no Apicius. Já falámos de champagne, caviar, trufas brancas, de receitas clássicas, vamos agora para o foie gras, para não destoar. Só que agora o ambiente é mais simples do que o típico da alta cozinha, o do Apicius, na Rua Cruz dos Poiais, em Lisboa, onde outrora funcionou o primeiro Umai, de Anna Lins e Paulo Morais. Está lá agora outro casal, igualmente simpático, Joana Xardoné e Francisco Magalhães (na foto, roubada a Raul Lufinha, do Mesa do Chefe, espero que ele não me mande constituir arguido), que antes tinham trabalhado na Taberna 2780, em Oeiras, onde também esteve Nuno Barros (hoje na Taberna 1300, em Lisboa). Ainda não tinha ido lá e agora o pretexto foi conhecer o menu de foie gras que eles vão apresentar nos dias 3 e 4 de Dezembro, acompanhado por cervejas artesanais sugeridas por Rui Matias, da Cerveteca, ali perto, na Praça das Flores. Sauternes, nem vê-lo.

 

A primeira coisa que fiquei a saber é que Xardoné não é uma alcunha engraçada, mas antes a versão aportuguesada que deram ao nome de um avô francês da chefe Joana, que se chamava realmente Chardonnay. Esclarecida esta dúvida que me atormentava, fiquei também a saber que Francisco Magalhães é engenheiro mecânico de formação e chegou tarde à cozinha, à qual, no entanto, se dedicou com empenho, tendo já se aperfeiçoado no Tragaluz, em Barcelona, cidade onde Joana Xardoné também trabalhou, no Espai Sucre.

 

Desde que abriram o Apicius que quiseram “democratizar” o foie gras e este menu é prova disso. Surgiu num creme com cogumelos e chips de mandioca, uma boa maneira de começar, e depois em escabeche com batata doce e coentros. Devo dizer que este prato me pareceu algo desconjuntado e que para mim não resultou, com o vinagre a desequilibrar e a batata doce a atirar ao lado, mas louvo a ousadia. Tudo ficou esquecido com o que se seguiu, um excelente pão de cerveja Zé Arnaldo (da cervejeira lisboeta 8ª Colina, na Graça), escuro, amargo e doce, recém-feito no restaurante, que era acompanhado por um torchon marinado em Urraca Vendaval, do mesmo produtor artesanal (os nomes das cervejas artesanais, um mundo que ainda tenho que descobrir, deixam-me sempre espantado), tudo simples e saboroso. A seguir, baseado numa sanduíche de David Chang com barriga de porco, que muito agradou a Franscisco Magalhães, veio um prego de foie gras em pão ao vapor com pepino fermentado. Mais uma vez, aparentemente, simples e saboroso, bem ao estilo da casa.

 

Mal provei a sobremesa, um iogurte de foie gras com aveia tostada e redução de Mean Sardine Zagaia (desta vez de uma cervejeira da Ericeira), não só porque evito os doces quando posso, mas também porque acho enjoativa a gordura do fígado com o peso do açúcar. Mas quem estava à mesa rapou o prato, por isso as minhas manias valem o que valem. Uma palavra para a harmonização das diversas cervejas artesanais estrangeiras com os pratos, que andou muito bem e me deu vontade de saber mais sobre o assunto. E, sobretudo, fiquei com vontade de voltar ao Apicius para conhecer outras vertentes do trabalho dos chefes, que merecem elogio pela seriedade com que estão a cozinhar, ainda que de forma bem humorada, e por um gosto pelo risco que acho que deve ser apoiado. Reservas: 21 390 0652

 

 Bacalhau da Islândia para a Escola de Hotelaria de Lisboa. Acabo este longo post com um produto não menos digno, o nosso bacalhau, ou melhor o bacalhau da Islândia, que foi o fio condutor de um extenso menu, com mais de 15 pratos, elaborado pelos alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa chefiados por Nuno Diniz. Fui convidado, mas estes almoços, que se repetem às quartas-feiras com diversos temas, custam escassos 15 euros (incluindo um copo de vinho), e são sempre elaborados pelos alunos de cozinha e servidos pelos alunos de sala.

 

Gostei imenso do imenso menu, principalmente pela enorme variedade de técnicas e referências que envolveu - fritos, cozidos, assados, grelhados, em caldo, desfiado, em massas e por aí fora. Além de cozinha portuguesa, houve influências orientais, francesas (um sensacional Paris Brest cujo recheio era de bacalhau à Conde da Guarda), espanholas, italianas, inglesas, entre outras. Nuno Diniz disse-me que levou mais de 15 dias a trabalhar neste menu com os seus alunos de Cozinha Criativa (Culinary Arts), que se entregaram à tarefa com sugestões e entusiasmo, passando muitas horas a estudar o assunto. Creio que é uma óptima maneira de se prepararem para as suas futuras carreiras e, já agora, de nos proporcionarem óptimas refeições.

 

 Afinal ainda não acabou. Não deixem de ir à venda de Natal do Convento dos Cardaes (Rua do Século, 123, em Lisboa), que começa amanhã às 14 h e se estende pelo fim de semana, repetindo nos dias 28 e 29 de Novembro e depois nos dias 5, 6, 12, 13, 19 e 20 de Dezembro. Aos sábados é das 12h às 20h e aos domingos das 14h às 20 h. Além de chá com scones (por marcação, tel. 213 427 525), há um sem número de artigos deliciosos à venda, como compotas, chutneys, marmelada, bolachas, biscoitos e muito mais, com as receitas a reverterem para a obra social deste belíssimo convento barroco que apoia 35 meninas e mulheres com necessidades especiais.

 

E por hoje chega.

 

 

 


A incrível carne de boi velho de Trás-os-Montes, no Vinum

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Num país que valoriza demasiado o consumo de carne bovina de animais novos – é vitela para aqui, vitelão para ali - e que de repente parece prestar vénias à carne maturada (mesmo quando de maturação a sério - dry aged - tem pouco ou nada) é de louvar a iniciativa que o grupo Symington leva a cabo pelo 3º ano consecutivo no seu restaurante Vinum, em Gaia (Porto). Refiro-me às Jornadas Gastronómicas do Boi de Trás-os-Montes, que ali decorrem entre 16 de Novembro e 6 de Dezembro.

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Nesse âmbito, e como tem vindo a acontecer desde os primeiros tempos, o especialista espanhol Imanol Jaca (que fornece carne aos principais estrelas Michelin do País Basco) , em colaboração com o seu compatriota Iñaki de Viñaspre, da Sagardi - o grupo catalão que gere o Vinum -, escolheram, no norte de Portugal, um boi com 10 anos, 2 toneladas de peso e dois metros de altura. O portentoso animal foi abatido em Espanha e a sua carne maturou durante três semanas, apenas o tempo suficiente “para a carne morrer” e adquirir uma textura macia, segundo nos disse Viñaspre, no almoço de apresentação à imprensa - que decorreu esta quarta-feira.

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A ideia destes dois profissionais - e que é tradição no País Basco - é a de valorizar os sabores primários da carne (aqueles que são transmitidos, sobretudo, pela alimentação do animal) e não os secundários, que por vezes (ou muitas vezes) adquirem notas de putrefacção, muito valorizadas, por exemplo, nos Estados Unidos, onde se fazem maturações dry aged com 90 dias.

 

Tive a oportunidade de provar a carne de dois costeletões de partes diferentes, a do lombo superior, com mais gordura entrelaçada, e a do lombo inferior, mais magra. Ambas são muito boas e confirmam as tais notas que Viñaspre refere . Porém, a minha preferência recaiu para a primeira pela sua riqueza e profundidade de sabor. Tal como no ano passado, voltei a apreciar novamente o acompanhamento simples apenas com pimentos vermelhos assados.

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Em relação aos outros pratos deste menu especial (que custa 93€ sem bebidas), achei-os melhores do que os ano passado. Aprovadíssima, a reconfortante e bem apaladada sopa de feijão branco com bacalhau e amêijoas, tal como a rematar, o duo de chocolate (mousse e bolo húmido) com gelado de baunilha.

 

Ao mesmo nível e antes da sobremesa, esteve ainda o sortido de queijos artesanais, dos quais destaco um Stilton de qualidade rara em Portugal e que acompanhou a preceito um óptimo o Graham’s Vintage 1977. Muito bem, também, a conjugação dos outros pratos com os vinhos deste produtor , como é o caso do Altano branco 2014, o Pombal do Vesúvio 2011 e Quinta do Vesúvio 2012.

 

Como referi este menu (que inclui ainda uma entradinha de alheira com pimentos e trufas de chocolate com o café) estará disponível de 16 de Novembro e 6 de Dezembro, podendo, no entanto, terminar mais cedo, se a matéria prima disponível acabar.

 

Contactos: Restaurante Vinum - Rua do Agro n° 141 (Graham's Port Lodge), Vila Nova de Gaia, Porto ; Tel: 22 093 04 17 // Horário: Segunda a sexta: 12.30h - 16h e 19.30/24h (fim de semana encerra à 01h).

 

(fotos: Miguel Pires, excepto a segunda, de divulgação)

 

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Estrelas Michelin Portugal 2016: as previsões do costume, os erros do costume

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É já amanhã à noite que, no Parador dos Reis Católicos, em Santiago de Compostela, a Michelin vai anunciar o seu Guia Espanha e Portugal 2016 e com ele as célebres estrelas que concede, ou retira, aos restaurantes dos dois países. Goste-se ou não, a verdade é que o “guia vermelho” continua a ser o mais influente entre a gente do sector e continuo a ver muitos chefes, donos de restaurantes, fornecedores, críticos, jornalistas, gastrónomos em geral a discutir o assunto, por vezes acaloradamente, a dar as suas opiniões e palpites. Parece até que quanto mais novos são estes profissionais, mais interessados estão no tema, o que mostra que o guia, cuja primeira edição para Portugal data de 1910, continua na moda.

 

Como procuro fazer todos os anos, também eu vou dar as minhas opiniões e palpites, sabendo de antemão que vou errar como de costume. No entanto, há sempre a vantagem de reflectirmos um pouco sobre as experiências que tivemos ao longo do ano e também do que fomos ouvindo.

 

Vamos lá então, começando pelo pior, a perda de estrelas, algo que não me dá qualquer prazer, já que gostaria que tivéssemos muitas mais. Posso simpatizar mais ou menos com alguns chefes ou restaurantes portugueses, mas não tenho nenhum desafecto, absolutamente nenhum, que me leve a desejar que alguém não ganhe uma estrela e muito menos que a perca.

 

Dito isto, parece-me lógico que a Fortaleza do Guincho perca a sua devido à saída de Vincent Farges antes do Verão. Miguel Rocha Vieira, que o substituiu no início de Setembro, não terá tido tempo de mostrar o seu trabalho aos inspectores Michelin, os quais geralmente encerram o seu período de visitas a Portugal em Julho. Não está em causa a qualidade de Rocha Vieira, que já demonstrou bem o que vale ao ter conquistado no Costes, em Budapeste, a primeira estrela Michelin da Hungria, mas sim uma questão de calendário. Tomara que eu esteja enganado e que tenha havido uma forma de superar esta questão. De qualquer modo, se se confirmar, tendo em conta o currículo do chefe e da casa onde agora trabalha, creio ser uma questão de tempo a estrela retornar ao Guincho.

 

Outro restaurante onde houve saída de chefe estrelado foi a Casa da Calçada, em Amarante. No entanto, como quem substituiu Vítor Matos foi o seu subchefe André Silva, esperemos que a Michelin não retire a estrela. Outro caso é o L’And, em Montemor-o-Novo. Neste caso, não houve saída do chefe, mas a verdade é que Miguel Laffan, que nunca o escondeu, andou bastante ocupado com outros restaurantes e actividades durante o último ano e (diz-se, não falo por experiência própria) e o restaurante ressentiu-se disso. Sei que ele agora quer voltar em força à casa que lhe deu fama e vamos ter esperança que a Michelin, neste ano, feche os olhos a estas ausências.

 

Vamos agora à parte melhor, às especulações sobre quem poderá ganhar estrelas. Começando pelos três restaurantes que em Portugal exibem duas estrelas, acho que o Vila Joya continua candidato à terceira, que muitos consideram que há muito merece, assim como o Ocean, embora este creio que com menos possibilidades por enquanto. Quanto ao Belcanto, seria quase um milagre conseguir a terceira estrela logo no ano a seguir a ter conquistado a segunda e, embora haja rumores, julgo que José Avillez e a sua equipa terão que aguardar mais uns anos até o conseguir. Mas, se continuarem neste caminho, parece-me que talvez não tenham que esperar muito.

 

E quem poderá ganhar a segunda estrela? Para mim, dos que conheço, há um grande candidato, o Yeatman, do chefe Ricardo Costa. Seria óptimo ver mais um chefe português atingir este nível e um grande feito para a cozinha que se faz a Norte de Portugal.

 

Vamos agora à parte mais difícil, que é alvitrar quem poderá ganhar a primeira estrela, tantos são os candidatos. Além disso, a Michelin costuma surpreender-nos quase todos os anos, descobrindo muitas vezes restaurantes que não constam da nossa bolsa de apostas. É isso que me dizem que poderá acontecer com uma casa algarvia, de que nunca tinha ouvido falar, e cujo nome não vou revelar porque pode ser apenas uma forma de promoção. O mesmo já não digo do Gusto, do hotel Conrad, na Quinta do Lago, cujo chefe consultor é o célebre Heinz Beck, três estrelas no La Pergola, no hotel Hilton de Roma. No ano passado, a atribuição da primeira estrela ao Gusto era dada como garantida por alguns profissionais experientes que se encontravam no lançamento do guia para 2015, em Marbella. Será que deixaram para este ano? Ainda passou pouco tempo, apenas oito meses, mas julgo que a ida de João Oliveira, durante muito anos subchefe do Yeatman para o Vista, no hotel Bela Vista, em Portimão, vai redundar, mais cedo ou mais tarde, em estrela. Mas acho que ainda é cedo, embora tenha gostado muito do que vi neste fim de semana, na iniciativa "Mar Adentro", de que falarei em futuro post. Outro candidato, este a Norte, será a Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, uma aposta relativamente recente do chefe Rui Paula, que ainda não conheço, mas sobre a qual tenho ouvido boas opiniões.

 

Enfim, amanhã veremos, desejando que venham muitas estrelas. E que sejam rapidamente recuperadas as que eventualmente caiam.

 

À espera das estrelas

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Já no Parador dos Reis Católicos, enquanto se espera para breve o anúncio oficial, os rumores ganham forma. Em Portugal, deverá haver poucas mudanças e no balanço final ficamos na mesma.

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Estrelas Michelin Portugal 2016 (oficial)

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O algarvio Bon Bon, no Carvoeiro, ganha a primeira estrela. O L'And, de Montemor-o-Novo, perde a estrela. Tudo o resto fica na mesma, incluindo a Fortaleza do Guincho. Em breve, as reacções dos chefes em primeira mão.

Rezas, tristezas e alívios nas reações dos chefes ao Michelin 2016

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Rui Silvestre disse ao Mesa Marcada que "estava a rezar" quando ouviu o nome do restaurante onde trabalha, o Bon Bon, no Carvoeiro, ser anunciado como o único português a conquistar uma estrela no Guia Michelin Portugal e Espanha 2016, que acaba de ser divulgado no Parador dos Reis Católicos, em Santiago de Compostela. Já Miguel Laffan, a quem tive de dar a triste notícia da perda da estrela do L' And, em Montemor-o-Novo (ele tinha-me pedido para o fazer quando soubesse), teve um momento de silêncio ao telefone, via-se que, apesar de estar à espera, o golpe foi duro. Por fim, Miguel Rocha Vieira, cuja perda de estrela na Fortaleza do Guincho era uma hipótese bastante provável, visto ele só ter entrado recentemente a substituir o antigo chefe Vincent Farges, confessou também ao Mesa Marcada que a notícia que lhe dávamos ao telefone era um "alívio".

 

O Bon Bon foi a surpresa portuguesa da noite para mim e creio que para muita gente que acompanha o sector. Rui Silvestre, nascido há 29 anos no Valongo, foi para lá há cerca de ano e meio, quando a casa mudou de gerência, depois de ter trabalhado em restaurantes de topo em França e na Suíça, com uma passagem pelo Costes, em Budapeste, precisamente no período em Miguel Rocha Vieira esteve de volta a Portugal, no Ritz Four Seasons Lisboa. O facto de constituir família e de ter um filho para nascer pesou na decisão de regressar de Rui Silvestre."Fazemos um pouco o que nos apetece, mas damos muito valor ao peixes e mariscos algarvios", explica o chefe do Bon Bon, que neste momento está em obras, incluindo na cozinha, tendo reabertura prevista para 7 de Fevereiro. "Já me tinham dito que era possível, o convite para vir aqui a Santiago de Compostela também ajudou, mas só quando tive a confirmação anunciada no palco é que acreditei. É uma grande alegria".

 

De alegrias vamos para a tristeza de Miguel Laffan, que, após o silêncio se recompôs e explicou que, de facto, "as coisas não correram bem no último ano, estive muito ausente e não houve consistência". No entanto, o chefe do L'And não se deixa abater e promete que vai voltar ao anteriores standards, que lhe valeram a estrela há dois anos, e começar já a lutar por a reconquistar. Por fim, o alívio de Miguel Rocha Vieira ao manter a estrela. "É um primeiro passo que cumprimos. Vamos agora iniciar uma nova etapa, renovando a carta, virando uma página". Ele admite que o facto da Michelin, que atribuiu em 2010 ao Costes a primeira estrela da história da Hungria, terá contribuído, mas revela que os inspectores estiveram na Fortaleza do Guincho já com ele como chefe. "Aliás, no dia em que eu fui a Madrid apresentar-me na Michelin eles mandaram um inspector ao restaurante, só soube depois. Pois é, eles fazem destas coisas, temos que estar preparados...".

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